Descontrolada está a infecção do Corona vírus em Vitória da Conquista.
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Descontrolada está a infecção do Corona vírus em Vitória da Conquista.

Autor: Carlos Costa | Foto: Divulgação

Com a flexibilização do comércio no início deste mês, agora, duas semanas depois, estamos presenciando o aumento dos números da Covid 19 em nosso município. Foram necessários mais de cem dias para que tivéssemos a existência de cinco óbitos; somente nos últimos sete dias já foram acrescidos aos cinco, mais cinco óbitos. O número das pessoas infectadas continuam crescendo assustadoramente. Apesar de tudo, os radialistas bajuladores estão apregoando que o município está no platô; ou seja, que o pico já passou, e que estamos numa normalidade e com viés de declínio. Basta observar os dados dos últimos quinze dias para constatarmos que estamos subindo gravemente a linha que mostra o quão descontrolado está o índice de infestação em Conquista. A tendência é que soframos os mesmos problemas que ocorrem nos municípios que não conseguiram conter a pandemia. Feira de Santana tinha apenas dois óbitos quando flexibilizou a abertura do comércio; depois da mal sucedida experiência, os óbitos já ultrapassaram quarenta e com os 80% dos leitos ocupados por pacientes em estado grave.
O prefeito e os venais radialistas politizaram o combate à pandemia e agem como se estivessem em plena campanha eleitoral. Para os bajuladores, quem defende mais severidade no enfrentamento da pandemia são anti-patriotas e torcem pelo quanto pior melhor. Para eles, ser patriota é defender a economia como algo mais precioso do que a vida humana. Esses falsos patriotas estão empurrando o prefeito para jogar o nosso município para uma catástrofe que deixará centenas de vítimas!

O jornalista Ernesto Marques escreveu um excelente texto sobre o episódio vergonhoso da nota de repúdio contra o Conselho Municipal de Saúde redigido pela administração de Herzem e assinada por entidades que não estão nem um pouco preocupadas com o descalabro que está acontecendo com a saúde nesses anos da atual gestão.
Resolvi incorporar o texto do nobre jornalista à contagem por achá-lo muito elucidativo.

“O líder negro Martin Luther King disse que uma injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todo lugar. O raciocínio bem se aplica ao fato de extrema gravidade que se desenrola perante a sociedade conquistense como se fosse normal, mesmo uma aberração predecessora da barbárie. Sem medo de exagerar, a nota divulgada pela imprensa, na qual 14 signatários repudiam e acusam o Conselho Municipal de Saúde de ato graves, é esse tipo de aberração a anteceder a barbárie, caso passe como coisa normal.
Não, não é normal. É um acinte. É um recibo passado de que seus signatários subestimam o discernimento da população e zombam da inteligência de profissionais de imprensa ou os consideram submissíveis.
O acinte não está na livre expressão de opinião sobre o tema geral da pandemia, nem no juízo que a cada pessoa é consagrado o direito de fazer sobre pessoas e instituições. O acinte não está sequer na acusação de atuação político-partidária de membros do Conselho Municipal de Saúde. Afinal, o CMS é uma instituição integrante do Sistema Único de Saúde, criada por lei municipal, tem finalidade institucional muito bem assentada.
Tem pessoas exercendo MANDATO, eleitos entre representantes do poder público, de usuários, profissionais de saúde e prestadores de serviços à saúde pública. Tem a obrigação de ouvir questionamentos e até mesmo acusações, com a mesma receptividade e atenção dedicados aos eventuais elogios.
O Conselho tem conselheiros e conselheiras qualificados e plenos de representatividade. Tem regimento interno, funcionamento regular registrado em atas, além de estrutura física e servidores públicos à disposição. Existe. Individual ou coletivamente, seus membros podem responder aos 14 detratores signatários da tal nota.
O acinte, a aberração institucional nada subliminar – e por isso mesmo acintosa, é digna de um adjetivo deliberadamente provocador: aberração institucional t-e-r-r-o-r-i-s-t-a!
Exagero?
Vejamos!
Dos 14 signatários, 4 são representantes de entidades empresariais do comércio e da indústria. Há também um graúdo empresário do comércio varejista, diretor de um shopping. E está errado em querer suas alamedas climatizadas cheias de gente de novo? Claro que não! Mas pode falar em seu nome, em nome de sua empresa e dos seus interesses comerciais.
Donos de hospitais, são cinco. Dois subscritores pertencem a uma mesma instituição, a Santa Casa. Ou shopping center é instituição representativa de algum segmento social?
Outros dois, assinam em nome de um certo “Conselho Consultivo”…
Calma! Isso é a pré-aberração. Ou, o menos aberrante da história. Afinal ainda há liberdade para defender as muitas possibilidade de abertura das atividades econômicas convivendo com o perigosíssimo vírus em circulação. E é legítimo que entidades representativas do empresariado o façam. Mas em seu nome!
Ai a curva da aberração começa a subir com a mesma inclinação do gráfico de casos de covid-19 dos últimos 15 dias. É legítimo que cinco donos de hospitais defendam mais gente mais exposta a contrair o coronavírus? Vamos admitir que sim, afinal são empresários, querem lucrar. Mas devem fazê-lo em SEUS nomes!
E lá vai o gráfico da aberração subindo mais: um representante regional do Cremeb (Conselho Regional de Medicina) assina em seu nome? Ou o Cremeb endossa a crítica virulenta e as acusações contra o Conselho Municipal de Saúde?
Como se fosse pouco dois gestores da Santa Casa servirem à engorda da nota, um no começo da lista, entre os primeiros, o outro. entre os últimos, tem mais! Com todo respeito a uma instituição tradicionalíssima e das mais relevantes, trata-se de uma instituição privada de caráter público e sem fins lucrativos. Mas… pelas modernas modalidades de contratação de médicos, há os que são “donos” de leitos hoje reservados a pacientes covid-19, regiamente remunerados com dinheiro público.
E chegamos ao topo de aberração: dois signatários de um certo “conselho consultivo”. Como assim? É um grupo de conselheiros informais do prefeito, formado por notórios apoiadores/aliados políticos e também, em alguns casos, por financiadores declarados da campanha eleitoral vitoriosa de 2016, não é mesmo?
Ganhou forma institucional? Tem CNPJ? Foi criado por lei aprovada pela Câmara de Vereadores? Houve pelo menos um decreto da mesma qualidade jurídica daquele que regulamentou as vans?
Aberração acintosa é um punhado de respeitáveis senhores, donos de parte considerável do PIB de Vitória da Conquista, autoproclamar-se representação da sociedade civil com legitimidade para repudiar o Conselho Municipal de Saúde e lançar acusações genéricas que alcançam quem compõe aquele colegiado.
O que legitima esses 14 homens ricos para falar em nome de pelo menos uma parte expressiva de 350 mil conquistenses? Seu dinheiro? Os empregos pelos quais se dizem responsáveis, ocupados por trabalhadores usados como verdadeiros escudos humanos, com a ameaça de demissões como argumento pela abertura das atividades econômicas?
O tal Conselho de Representação da Sociedade Civil foi o precedente mangabeiriano a anteceder o absurdo da nota acintosa dos pretensos representantes da sociedade civil. É preciso ver as legítimas e diversas representações dessa sociedade se levantarem. É preciso ouvir a sub-seção da OAB-BA, o Ministério Público. É preciso ver a imprensa local pauta o assunto em amplo debate.
Quando a aberração se torna cotidiana, é a barbárie.”