Definições de última hora sinalizam fragilidades indesejadas para Lula e Jerônimo
Poder Politica

Definições de última hora sinalizam fragilidades indesejadas para Lula e Jerônimo

Chegar à última semana antes da posse sem os principais auxiliares definidos mostra que tanto Luiz Inácio Lula da Silva quanto Jerônimo Rodrigues atrasaram demais as negociações e conversas políticas. No plano federal, a justificativa foi a PEC da Transição, que colocou Lula em campo antes de sentar na cadeira de presidente. No plano estadual, a desculpa foi a demora da montagem da Esplanada dos Ministérios, que poderia pinçar baianos. O resultado é o risco de aparecer atabalhoado ou pressionado demais por aliados.

 

O presidente apresentou um núcleo “duro” e responsável por conduzir outras discussões na montagem da equipe. O governador Rui Costa foi para a Casa Civil e tentou emplacar nomes ligados a ele. Conseguiu levar Marcus Cavalcanti a tiracolo, que também entra na cota do PSD baiano. Mas avançou em passos mais lentos do que o próprio modelo de Lula em outras oportunidades. A apresentação de ministros na última quinta-feira (22) foi marcada pelo esforço em simular preocupação com minorias políticas, mas ainda deixou lacunas quanto ao aproveitamento dos símbolos da autoproclamada “frente ampla em defesa da democracia”, como Simone Tebet (MDB) e Marina Silva (Rede).

 

Na Bahia, o caminho foi relativamente similar. Na primeira leva, todavia, já estavam presentes minorias. Mas não havia a demarcação de espaço de aliados como o PCdoB, PSB e MDB. Apenas o PSD tinha sido contemplado. Na segunda porção de secretários, a distribuição já foi melhor, inclusive ampliando o número de mulheres, por exemplo. Porém existem gargalos que Jerônimo ainda não conseguiu superar. Seja a alocação de figuras como Diogo Medrado, seja atender aos interesses do vice Geraldo Jr. e de siglas como o PSB, que aguarda uma decisão sobre a Secretaria de Desenvolvimento Econômico para Ângelo Almeida para manter Fabíola Mansur na Assembleia.

 

Outros dois desafios que o governador baiano ainda não superou foram as secretarias de Segurança Pública e de Cultura. O discurso ao longo da campanha sugeria mudanças estruturais na forma como o governo conduz a segurança e as alternativas sugeridas até aqui não traduzem a proposta de renovação. A cultura segue o mesmo caminho, já que a área foi fragilizada no âmbito nacional e teve apoio aquém do desejado durante a gestão Rui Costa. Dificilmente Jerônimo vai manter os atuais titulares, por isso tanta cautela na condução da apresentação dos novos secretários – e tanta apreensão por parte da sociedade.

 

 

No caso da Esplanada, a boa vontade com os ministros é menor do que com os secretários de Jerônimo. O clima belicoso da disputa eleitoral explica esse comportamento. Porém não seria desejável para qualquer uma das gestões iniciar o mandato expondo qualquer nível de fragilidade. É esperar a posse e a conclusão das listas de primeiro escalão para ver se podem haver consequências negativas para os primeiros meses dos futuros gestores.

Foto: Mauro Akin Nassor/ Ag. Haack/ Bahia Notícias