Alimentos armazenados em ambientes úmidos podem ser contaminados pelas chamadas micotoxinas, como a aflatoxina, e causar micotoxicoses nos animais
Autor: CanalRural | Foto: Divulgação
Micotoxinas são aqueles bolores e mofos que surgem em alimentos ou matérias primas expostos à umidade e à temperatura quente. Soja e milho estão entre os produtos mais afetados. Quase 40% do milho brasileiro está contaminado por aflatoxinas. De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária, o teor máximo de toxinas presente nos farelos deverá ser de 50 ppm, indicação que deve constar no rótulo ou etiqueta dos produtos.
A contaminação de rações por micotoxinas pode causar micotoxicoses nos animais e afetar seus órgãos, trazendo prejuízos para os produtores. A aflatoxina é rapidamente absorvida pelo intestino delgado dos animais e acaba impedindo a síntese de proteínas, prejudicando o funcionamento do fígado. Os sinais clínicos são alterações no tamanho, na coloração e na textura dos órgãos internos, além da redução do ganho de peso diário do animal.
Para controlar a proliferação de fungos nos grãos é essencial investir em cuidados durante os processos de colheita, limpeza e secagem dos grãos, e na higienização dos silos e equipamentos mecânicos nas granjas. O controle da doença é realizado pelo uso de antifúngicos, também recomendável em rações.
Palavra do especialista
De acordo com o zootecnista Christian Simões, uma vez que os grãos tenham sido armazenados por muito tempo em ambiente úmido e as aflatoxinas tenham sido produzidas a partir dos fungos, não há como reverter a situação. Portanto, é importante minimizar a produção fúngica nos grãos e na ração para que não haja um nível de aflatoxina capaz de comprometer o sistema imunológico das aves e seu desempenho. “Devemos verificar a possibilidade de utilizar um antifúngico, principalmente no terço inicial dos silos. Geralmente, é aí, na base, que se concentram as grandes quantidades de fungos e, consequentemente, de micotoxinas”, diz ele. Nos silos de alvenaria, podem ser utilizados antifúngicos líquidos, que podem ser passados na parede e no chão.
Ainda de acordo com o zootecnista, é preciso estar atento para observar se há desenvolvimento de fungos nas granjas, já que não são visíveis. “Os fungos são detectados a partir de análise laboratorial, mas, dentro dos silos, conseguimos verificar sua incidência pela temperatura dos grãos. Se houver temperatura inadequada e umidade no ambiente, o fungo começa a fermentar, o que aumenta a temperatura dos grãos”, explica Simões. Ele alerta que o prejuízo nas granjas decorrente da ação da aflatoxina pode variar entre 4% a 12% em termos de desempenho, o que é bastante grave.