Presidente Lula recebe primeiro-ministro do Japão nesta sexta-feira (3)
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Presidente Lula recebe primeiro-ministro do Japão nesta sexta-feira (3)

Aconvite do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, realizará visita oficial ao Brasil nesta sexta-feira (3) e neste sábado (4), acompanhado de 35 lideranças empresariais.

“O Japão tem uma participação histórica no desenvolvimento econômico brasileiro, teve um papel importante no desenvolvimento da agricultura, mas também na indústria siderúrgica, automotiva, celulose. É um importante investidor externo do Brasil, e eu acho que na visita serão apresentadas as oportunidades para a ampliação da presença japonesa nos investimentos, particularmente nos projetos ligados à neoindustrialização e ao novo PAC”
Eduardo Paes Saboia
Secretário de Ásia e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores
No dia 3, às 9h30, em Brasília, o presidente Lula receberá o primeiro-ministro japonês no topo da rampa do Palácio do Planalto e os dois seguirão para uma reunião bilateral. Posteriormente, participarão de cerimônia de assinatura de atos seguida de declaração à imprensa, prevista para as 11h40 no Salão Leste.

Durante a reunião, Lula e o primeiro-ministro japonês abordarão tópicos de interesse dos dois países, tais como: elevação dos fluxos de comércio de carne bovina e investimentos, cooperação em iniciativas ambientais, parceria em transição energética e, como o Brasil atualmente preside o G20, o diálogo sobre iniciativas de combate à fome e à pobreza também estará na pauta.

Lula e Kishida conversarão ainda sobre a cooperação nos foros multilaterais em prol da paz, da democracia, da reforma da governança internacional, incluindo a Organização das Nações Unidas (ONU), além de tópicos relacionados à paz, à segurança e ao desarmamento.

“O Japão tem uma participação histórica no desenvolvimento econômico brasileiro, teve um papel importante no desenvolvimento da agricultura, mas também na indústria siderúrgica, automotiva, celulose. É um importante investidor externo do Brasil, e eu acho que na visita serão apresentadas as oportunidades para a ampliação da presença japonesa nos investimentos, particularmente nos projetos ligados à neoindustrialização e ao novo PAC”, explicou o embaixador Eduardo Paes Saboia, secretário de Ásia e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores (MRE), durante briefing à imprensa nesta quinta-feira (2).

MERCADO DE CARNE – De acordo com o embaixador, o Brasil é um grande exportador de ferro, frango, café, alumínio e milho, e importa do Japão, sobretudo, produtos manufaturados, com ênfase nas autopeças, compostos químicos, instrumentos de medição e circuitos integrados. A visita do primeiro-ministro japonês vem para fortalecer a parceria estratégica global que o Brasil tem com o Japão e ampliar o fluxo comercial entre os dois países, atualmente estimado em US$ 11 bilhões.

“O presidente Lula mencionará essa intenção de diversificar as trocas comerciais e eu acho que o grande objetivo é nós obtermos acesso a um mercado japonês para nossa carne bovina e ampliação do acesso à carne suína, com a qual por ora apenas Santa Catarina está habilitada. O Japão importa 70% da carne bovina que consome. E 80% da carne bovina importada pelo Japão vem da Austrália e dos Estados Unidos. O Brasil, com sua competência, sua capacidade de fornecer uma mercadoria de alta qualidade e de maneira segura e confiável, também quer participar desse mercado”, detalhou Saboia.

Após declaração à imprensa, os chefes dos governos brasileiro e japonês seguem para almoço no Palácio Itamaraty e, em seguida, Fumio Kishida segue para o Paraguai. No retorno ao Brasil, no sábado (4), o primeiro-ministro japonês realizará atividades junto à comunidade nipo-brasileira em São Paulo. Kishida visitará o Pavilhão Japonês, local de homenagem aos japoneses construído em conjunto com o governo do Japão.

Com inspiração no Palácio Katsura, de Kyoto, o Pavilhão Japonês é composto por uma edificação principal, um salão nobre, uma sala de chá, algumas salas de exposição e um lago de carpas. Projetado pelo professor e arquiteto Sutemi Horiguchi (1895-1984), é perceptível a utilização de materiais japoneses, como pedras vulcânicas, madeiras e até mesmo lama de Kyoto, além de tradicionais técnicas arquitetônicas japonesas, como o estilo Shoin, adotado exclusivamente nas residências dos samurais e das classes mais ricas.

Após a visita ao Pavilhão, o primeiro-ministro terá almoço com representantes da comunidade nipo-brasileira e participará, ao lado do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) Geraldo Alckmin, do Fórum Empresarial Brasil-Japão, evento com lideranças da iniciativa privada de ambos os países, organizado por entidades setoriais com apoio da ApexBrasil e da Organização de Comércio Exterior do Japão (JETRO).

RELAÇÕES EXTERIORES – O Brasil conta com a maior população nipodescendente fora do Japão, estimada em mais de 2 milhões de pessoas, e o Japão abriga a 5ª maior comunidade brasileira no exterior, com cerca de 211 mil nacionais. Os dois países mantêm Parceria Estratégica e Global que completa uma década em agosto deste ano.

Em 2025, comemoram-se também os 130 anos das relações diplomáticas Brasil – Japão. As relações entre os países foram estabelecidas em 1895, com assinatura do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação. O acordo permitiu abertura recíproca de representações diplomáticas em 1897 e abriu caminho para o início da imigração japonesa, em 1908.

O Japão é um dos principais parceiros do Brasil na Ásia. Desde 2014, os dois países mantêm Parceria Estratégica e Global, marcada pelos tradicionais vínculos humanos, pelo interesse em aprofundar a cooperação em Ciência, Tecnologia & Inovação, pela importância dos fluxos bilaterais de comércio e investimentos e pela ativa cooperação em temas internacionais, inclusive no âmbito do G4, onde, junto com Alemanha e Índia, defendem a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU). O principal mecanismo político entre os países é o Diálogo de Chanceleres, estabelecido em 2014, com previsão de encontros anuais. A mais recente edição do Diálogo ocorreu em 2023, em Brasília.

As relações diplomáticas entre Brasil e Japão têm ganhado novo dinamismo, destacando-se pela expressiva agenda de visitas de alto nível e avanços em iniciativas como a isenção recíproca de vistos para viagens de curta duração anunciada em setembro do ano passado. Em maio de 2023, à margem da Cúpula do G7 em Hiroshima, o presidente Lula encontrou-se com o primeiro-ministro Fumio Kishida, e o chanceler Mauro Vieira reuniu-se com seu homólogo Yoshimasa Hayashi, que já havia realizado em janeiro de 2023 a primeira visita de alta autoridade após a posse do presidente Lula. Já em 2024, o chanceler Mauro Vieira reuniu-se com a atual ministra dos Negócios Estrangeiros, Yoko Kamikawa, durante a Reunião de Chanceleres do G20 no Rio de Janeiro.

No âmbito econômico-comercial, observa-se elevada complementaridade e acentuado intercâmbio. O Japão, quarta maior economia do mundo, é um dos maiores investidores no Brasil, com US$ 28,5 bilhões em estoque. Os investimentos japoneses são diversificados e incluem setores como o automotivo, de materiais elétricos e siderurgia.

A cooperação técnica constitui, há mais de 60 anos, referência no desenvolvimento nacional. Historicamente, há pelo menos dois projetos de especial relevância em termos econômicos: o fortalecimento do complexo minerador de ferro e de siderurgia no Brasil, a partir dos anos 1950, e a evolução tecnológica que contribuiu, a partir da década de 1970, para o desenvolvimento da agricultura tropical no Cerrado por meio do Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados (Prodecer).

A cooperação em Ciência, Tecnologia & Inovação é outra prioridade da agenda bilateral. Entre as áreas mais promissoras, destacam-se tecnologias da informação e das comunicações, tecnologia aeroespacial, robótica, materiais avançados, ciências médicas e saúde e energias renováveis. Também merecem destaque as amplas oportunidades na área de descarbonização, como o uso de etanol para a produção de combustível de aviação, ferro-gusa verde e biomassa para geração de eletricidade. O Brasil e o Japão participam, ainda, de projetos de cooperação com outros países, a exemplo da implementação do sistema nipo-brasileiro de TV digital.

Em 2023, o Japão foi o segundo parceiro comercial do Brasil na Ásia e o nono no mundo, com intercâmbio comercial de US$ 11,7 bilhões e superávit brasileiro de US$ 1,491 bilhão. O Japão ocupa a posição de oitavo maior investidor externo no Brasil pelo critério de controlador final, com estoque de cerca de US$ 28,5 bilhões.

Fonte: Secom/GOV.BR | Foto: Ricardo Stuckert/PR