Autor: Da Redação | Foto: Divulgação
O mercado internacional de café teve uma semana de ajustes nas cotações, mas com linhas mantidas sobretudo na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), que baliza a comercialização internacional. No mercado físico brasileiro, os preços subiram diante de uma boa demanda dos compradores, da oferta dosada pelos vendedores, e contando com o dólar em elevação.
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, em meio à volatilidade no mercado financeiro internacional, com novo presidente americano tomando posse, com a pandemia e vacinação trazendo momentos de otimismo e pessimismo, houve espaço na semana para uma maior influência dos fundamentos de curto prazo, que são negativos. “Os embarques recordes do Brasil no ano de 2020 reforçam a sensação de oferta disponível ampla e acaba pesando contra o café em NY”, comenta.
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) indicou que as exportações totais, incluindo café em grão e industrializado (solúvel e torrado e moído), do Brasil chegaram ao recorde de 44,518 milhões de sacas de 60 quilos, com um aumento de 9,4% sobre o volume embarcado em 2019, que foi de 40,7 milhões de sacas.
Por outro lado, o mercado internacional está atento e preocupado com a safra de 2021 do Brasil. Será uma safra menor dentro da bienalidade cafeeira, após uma produção recorde em 2020. E as altas temperaturas e clima seco em 2020 resultaram em quebra ainda no potencial produtivo. Resta saber o tamanho dessa quebra.
A Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) divulgou sua primeira estimativa para a safra brasileira de 2021, mostrando uma ampla quebra na sua previsão. A Conab apontou uma produção total, somados conilon e arábica, entre 43,8 milhões e 49,5 milhões de sacas, indicando uma redução entre 30,5% e 21,4%, em comparação ao resultado apresentado na safra passada.
Na Bolsa de NY (ICE Futures US), no balanço do contrato março entre a quinta-feira (14) e a quinta-feira (21), as cotações recuaram de 127,35 para 126,45 centavos de dólar por libra-peso, acumulando uma baixa de 0,7%. Já o contrato março do robusta na Bolsa de Londres no mesmo comparativo caiu 2,4%.
Já o mercado físico brasileiro de café teve uma semana de preços muito firmes. Gil Barabach destaca que as bebidas melhores chegaram a romper a linha de R$ 700,00 a saca no final da última semana. “E, mesmo depois de devolver parte dos ganhos, ainda assim, continuam bastante valorizadas, abrindo, com isso, novas oportunidades aos vendedores”, comenta. O dólar comercial subiu nos últimos sete dias (entre 14 e 21 de janeiro) 3%, contribuindo para a sustentação do café em reais no país.
A necessidade dos compradores, sobretudo para cafés arábica de qualidade superior, certificados, garantiu sustentação às cotações. “Mas, mesmo com o preço convidativo, o vendedor deve seguir na defensiva. O produtor está bem vendido e capitalizado e, assim, tende a adotar uma postura mais calma, escalonando novas posições e atento ao desenvolvimento da safra brasileira 2021”, comenta o consultor.
No balanço da semana, o café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais, com 15% de catação, avançou de R$ 625,00 para R$ 650,00 a saca, alta de 4%. O conilon mostrou alguma fraqueza, com o tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, recuando na semana 2,4%, de R$ 415,00 para R$ 405,00 a saca.