Autor: UOL | Foto: Divulgação
Em meio a um cenário caótico de pandemia, em que o Brasil se tornou o terceiro país em número de mortos pela covid-19, a preocupação com a preservação do meio ambiente ganha força. A destruição de bioma contribui com o surgimento de pandemias, e a possibilidade de novas crises tem tudo a ver com o modo como lidamos com a natureza.
Um levantamento feito pelo Instituto Ipsos para o Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado nesta sexta, 5 de junho, mostra que, para 85% dos brasileiros, problemas como degradação ambiental, poluição, desmatamento e mudanças climáticas representam uma séria ameaça à saúde e devem ser tratados como prioridade no plano de recuperação do país pós-pandemia. A pesquisa ouviu participantes de 16 países, sendo 1000 no Brasil.
Em abril deste ano, o desmatamento da Amazônia foi o maior em dez anos. Além disso, sob o governo Bolsonaro, a pauta verde lidou com diversos reveses, de cortes de recursos no IBAMA ao Fundo Amazônia, em que verbas de países como Noruega e Alemanha pela proteção florestal estão suspensas desde janeiro de 2019.
Durante seminário “Covid-19 e Clima: Como Estão Conectados?”, promovido pela Rede Brasil do Pacto Global da ONU (Organização das Nações Unidas) em parceria com Ecoa, Carlos Nobre, presidente do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas e pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados da USP, alertou para o fato de ter sido sorte a pandemia de coronavírus não ter começado pelo Brasil.
“A Amazônia tem a maior quantidade de microorganismos do mundo. E estamos perturbando o sistema o tempo todo, com populações urbanas se aproximando, desmatamento e comércio de animais silvestres. Então, talvez tenha sido sorte que a pandemia não tenha começado no Brasil”, disse.
Nobre lembrou ainda o caso da leishmaniose, endemia típica da Amazônia que tem como causador um protozoário e o vetor é o mosquito palha. A doença se espalhou pelo mundo, devido à aproximação dos homens dos ambientes silvestres, mas agora está controlada, tendo cura e remédio.
Ainda de acordo com o relatório da Ipsos, a população que mais espera atitudes governamentais no que diz respeito à defesa do verde é a da China, com 91%. Em segundo lugar, estão empatados Índia e México, com 89%. Com 85%, o Brasil ficou em terceiro.
Apesar de a maior parte dos entrevistados brasileiros concordarem na importância da pauta verde para o futuro, os resultados do levantamento apontam para um paradoxo. Embora 85% defendam que o governo deve priorizar a preservação do meio ambiente na retomada pós-pandemia de coronavírus, 41% dos ouvidos no Brasil admitem que o tema da proteção ambiental não está na sua própria lista de prioridades no momento.