Em novo áudio, Gabriel Monteiro teria admitido relações com menores: ‘Eu gosto muito de novinhas’
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Em novo áudio, Gabriel Monteiro teria admitido relações com menores: ‘Eu gosto muito de novinhas’

O vereador fez o comentário sobre uma jovem com quem teria transado. Vereadores decidem pela cassação ou não do mandato de Monteiro na sessão da quinta-feira (18). São necessários 34 votos para aplicação da punição.

Novo áudio atribuído ao vereador Gabriel Monteiro (PL) admite sexo com menores de 18 anos, com ciência da idade da jovem. Gabriel pode ser cassado na quinta, depois que um recurso de sua defesa foi negado.

No áudio, o homem que seria o vereador fala com um interlocutor sobre boates na Barra da Tijuca e em Nova Iguaçu. Em seguida, o interlocutor elogia a menina com quem o vereador teria feito sexo numa das saídas e o homem que seria Gabriel complementa:

“Pô, 16, 17 aninhos. Porque eu gosto muito de novinha”.

Em um outro áudio, o homem que parece ser o vereador mostra algumas imagens, mas não é possível saber se são fotos ou vídeos. Nesse momento, Gabriel, supostamente, comenta:

“Barriguinha. Meu bebê, cara. Você vai conhecer ela hoje”, teria dito Gabriel.

Em um terceiro momento, o homem do áudio fala sobre uma jovem de 16 anos, que seria atleta de levantamento de peso.

Voz atribuída a Gabriel: “Hoje eu vou estar na loirinha. Na outra loirinha, se ela for. E na moreninha (…)”
Voz atribuída a Gabriel: “Pegou? Peguei. Comeu? Comi (…)”
Voz atribuída a Gabriel: “Levantadora de peso ela, 16 anos.”
Voz atribuída a Gabriel: “Disposição, imagina ela dando (…) papai, né?”
Voz atribuída a Gabriel: “Um nível que o papai sempre pegou”

O áudio já foi ouvido pelo relator do processo contra Gabriel na câmara, o vereador Chico Alencar (PSOL) . “Tudo o que a gente ouve [no áudio] com a voz inconfundível do Gabriel corrobora uma das denúncias da representação, quanto a relações abusivas, ofensivas ao estatuto da Criança e do Adolescente com menores de idade. Parece que isso era um prazer dele, uma obsessão”, comentou.

A Comissão de Justiça e Redação da Câmara de Vereadores do Rio negou o recurso apresentado pelo vereador Gabriel Monteiro (PL) contra o relatório do Conselho de ética e Decoro Parlamentar, apresentado na semana passada, e que era favorável a sua cassação.

No recurso, Gabriel Monteiro alegou a existência de irregularidades na fase de instrução, mas que não foram comprovadas pela Comissão de Justiça e Redação.

Com isso, o processo por quebra de decoro avança, e o futuro do vereador se define na quinta-feira (18), com a votação pela cassação ou não em plenário na quinta-feira (18).

O presidente da Comissão de Justiça e Redação, o vereador Inaldo Silva (Republicanos) explicou que a análise do recurso foi feita com o apoio da assessoria jurídica da Casa.

Confira o áudio abaixo:

‘Processo inteiramente de acordo com as regras’
“Esse recurso questiona o processo conduzido pelo Conselho de Ética, alegando que o mesmo apresenta vícios jurídicos. O vereador Gabriel Monteiro repete as alegações de vícios nos procedimentos do Conselho de Ética como fez no recurso que analisamos em maio”, relembrou o parlamentar.

Vereadores da Comissão de Justiça e Redação após a deliberação do caso Gabriel Monteiro — Foto: Divulgação/Eduardo Barreto
Vereadores da Comissão de Justiça e Redação após a deliberação do caso Gabriel Monteiro — Foto: Divulgação/Eduardo Barreto

 

O vereador Dr. Gilberto (Podemos), que pertenca comissão, enfatizou que o processo está inteiramente de acordo com as regras legais.

Cassação depende de 34 votos favoráveis
“Nós estamos debruçados não só no recurso, mas em todos os atos do Conselho de Ética. O vereador apresentou questões de mérito nesse recurso, algo que não cabe a análise da Comissão de Justiça. O Conselho cumpriu fielmente todos os ritos legais”, acrescentou.

A votação em plenário na quinta-feira (18) tem início às 16h. Os parlamentares e a defesa terão direito a fala. Para aprovação da cassação é necessário o voto favorável de dois terços dos vereadores, ou seja, 34 votos.

Já para aprovar uma possível suspensão de mandato, será preciso formar maioria absoluta, ou seja, 26 votos, dos 50 possíveis. Apenas 50 vereadores poderão votar, já que Carlos Bolsonaro (Republicanos) pediu licença do cargo para tratar de assuntos particulares.

Relatório do Conselho de Ética foi votado por unanimidade
Os sete vereadores que compõe do Conselho de Ética da Câmara do Rio aprovaram por unanimidade na quinta-feira (11) o relatório final do vereador Chico Alencar (PSOL) que pedia a cassação do mandato do vereador Gabriel Monteiro (PL) por quebra de decoro parlamentar.

O ex-policial militar e youtuber é investigado em acusações de estupro, assédio e por forjar vídeos na internet.

‘Atos inquestionavelmente graves’
O relatório final cita que os atos praticados por Monteiro “são inquestionavelmente graves” e que o “exercício de mandato público é respeito à dignidade, sobretudo dos mais vulneráveis, e não postura de manipulação, arrogância e mandonismo”.

Chico Alencar afirma no documento que os fatos narrados na denúncia, como a edição e manipulação de vídeos, violações do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), incluindo crimes sexuais, agressões e intimidações praticadas pelo parlamentar contra ex-assessores e cidadãos, entre outros, constituem motivo para a cassação do vereador.

Gabriel pedia arquivamento
Antes da votação desta quinta, o vereador Gabriel Monteiro teve a chance de incluir no processo suas alegações finais sobre as acusações feitas no documento produzido por Chico Alencar.

A defesa do parlamentar protocolou um documento com 47 páginas para rebater as alegações do relator. Em sua sustentação, Gabriel diz que é alvo de uma peça acusatória, e não de um relatório.

“O douto parlamentar atua no relatório e no processo como parte, que busca a todo momento demonstrar sua razão e suas expectativas, o que salvo melhor juízo, não é sua função no procedimento jus político”, escreve.
Depois, o vereador investigado critica o fato de novas acusações terem sido juntadas ao processo pelo relator, alegando que elas não fazem parte da denúncia, e não poderiam ser utilizadas para fundamentar a pena do acusado.

“É um fato altamente atentatório à prática parlamentar. Além da humilhação comprovada a um morador de rua, a orientação para uma menor falar de acordo com o que o editor, no caso o próprio vereador, pedia para um canal monetizado. É uma cena de figura pública que a democracia não comporta”, disse.

Vereador lembrou do caso ‘Mamãe Falei’
Chico Alencar terminou sua fala lembrando do caso do deputado estadual de São Paulo Arthur do Val, o Mamãe Falei, que foi cassado após falas machistas direcionadas à mulheres ucranianas.

“O deputado Mamãe Falei, que também é youtuber, por fatos que podem ser considerados menos graves, foi cassado pela Assembleia Legislativa de São Paulo. Espero que o Rio de Janeiro fique à altura”, disse.

Caso seja cassado ao fim do processo, Gabriel perderá seu mandato. Contudo, por conta do prazo para registro de sua provável candidatura, a cassação pode não impedir que ele concorra a uma vaga no legislativo nas eleições desse ano.

Fonte: G1 | Foto: Reprodução/ TV Globo