O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse ser “o chefe supremo das Forças Armadas” em primeira fala para apoiadores em Brasília após a derrota nas eleições. O pronunciamento aconteceu no Palácio da Alvorada, residência oficial de Bolsonaro.
A fala demonstra uma manutenção do tom que o presidente usava antes das eleições, insuflando os seus apoiadores que estão acampando em frente a quarteis do Exercito em vários estados do Brasil.
“A missão de cada um de nos aqui não é criticar, é unir. Muitas vezes vocês têm informações que não procedem, e pelo cansaço, pela angústia, pelo momento, passam a criticar. Tenho certeza entre as minhas funções garantidas na Constituição, é ser o chefe supremo das Forças Armadas”, disse aos apoiadores.
Desde o dia 30 de outubro, apoiadores de Bolsonaro realizam protestos golpistas contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). São movimentos que começaram fechando rodovias e, depois, migraram para as portas de quarteis com pedidos de “intervenção federal” e para que as Forças Armadas “salvem o Brasil”.
As Forças Armadas são essenciais em qualquer pais do mundo. Sempre disse, ao longo desses 4 anos, que as Forças Armadas são o último obstáculo para o socialismo. As Forças Armadas, tenho certeza, estão unidas. As Forças Armadas devem, assim como eu, lealdade ao nosso povo, respeito à Constituição, e são um dos grandes responsáveis pela nossa liberdade
Aos apoiadores, Bolsonaro afirmou que foi até lá porque “deve lealdade ao povo brasileiro” e que nos últimos 4 anos foi despertado “o patriotismo no Brasil” e que “o povo voltou a admirar a sua bandeira”. O presidente disse também que “não é fácil enfrentar todo um sistema”.
Bolsonaro justifica silêncio: “tudo seria deturpado”. Com poucas aparições em público, presença reduzida nas redes sociais e pronunciamentos suspensos, Bolsonaro passou o último mês quase em silêncio.
Hoje, aos apoiadores, disse que ficou assim porque senão “tudo seria deturpado”. O presidente também voltou a dizer que a liberdade “é mais importante que a própria vida”, e afirmou que “se algo der errado é porque eu perdi a minha liderança”.
“Eu me responsabilizo pelos meus erros, mas peço a vocês, não critiquem sem ter certeza absoluta do que esta acontecendo. Obviamente, não estou aqui quebrando o silêncio. Estou falando algo que sempre disse a todos vocês. Alguns falam do meu silêncio, há poucas semanas, se eu saísse aqui e desse ‘bom dia’, tudo seria deturpado, tudo seria distorcido”, justificou.
Todos nós sabemos o que aconteceu ao longo desses quatro anos, ao longo do período eleitoral, e o que foi anunciado pelo TSE. Nós estamos lutando. Quando eu falo ‘nós’, sou eu e vocês. Pela liberdade até daqueles que nos criticam. O Brasil não precisa de mais leis, o Brasil precisa que suas leis sejam efetivamente cumpridas
A última vez em que o presidente falou diante da imprensa foi em 1º de novembro, também no Palácio da Alvorada, ocasião em que não reconheceu o resultado da eleição e terceirizou para o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), a autorização para o começo da transição. Na ocasião, estradas federais e estaduais enfrentavam bloqueios de bolsonaristas em atos golpistas.
Desde 26 de novembro, Bolsonaro já participou de quatro cerimônias do Exército. Uma formatura da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) em Resende (RJ), duas promoções de oficiais em Brasília e, ontem, uma formatura de cadetes da Aeronáutica em Pirassununga.
No início da semana, o presidente chorou na frente das câmeras durante solenidade em Brasília. Ontem, apesar de parecer emocionado, o mesmo não aconteceu durante cerimônia militar no interior de São Paulo. Ele cumprimentou os cadetes e os familiares deles, e foi ovacionado com gritos de “mito”.
Fonte: UOL | Foto: Divulgação