O baiano Douglas Rosa, que foi espancado em uma boate de Faro, em Portugal, teve alta médica nesta quarta-feira (10). O brasileiro, que foi vítima de xenofobia junto com um amigo venezuelano, passou por duas cirurgias e estava internado desde o último domingo (7).
A informação de que Douglas recebeu alta médica foi confirmada pela sua esposa, Gislene Rosa, em contato com a TV Bahia. O baiano, que mora em Portugal há três anos, estava comemorando o aniversário de uma amiga na discoteca Call In, na madrugada do último domingo quando foi agredido por seguranças do estabelecimento.
O caso
O que era para ser apenas um momento de distração, virou caso de xenofobia explícita na cidade de Faro, em Portugal, que tem pouco mais de 60 mil habitantes. O baiano Douglas Rosa, que trabalha na área da construção civil na Europa, foi brutalmente agredido por seguranças de uma discoteca e ficou internado em um hospital após passar por duas cirurgias.
O amigo do casal, o venezuelano Juan Pérez, que também foi agredido na região do olho, passou por operação, mas retornou para casa antes de Douglas. O cunhado do baiano foi outra vítima, mas não teve ferimentos tão graves.
O caso aconteceu na noite do último sábado (6). Gislaine Rosa, que também é baiana de Ilhéus, revelou que depois da agressão e expulsão da boate e da divulgação do caso na mídia de Portugal e do Brasil, a casa noturna não só não entrou em contato para tentar ajudar, como a bloqueou nas redes sociais.
“A boate em nenhum momento falou comigo ou prestou solidariedade, não perguntaram sobre as vítimas, pelo contrário, a princípio, me bloquearam nas redes sociais, disseram que não faziam parte da equipe de funcionários deles, sendo que estavam os oito seguranças com a farda de segurança na porta. Não falaram nada, não fizeram nada e estou aqui à espera que a justiça seja feita”.
De acordo com a auxiliar de cozinha, desde 2019, quando se mudaram para Portugal, essa é a primeira vez que sofrem violência psicológica e física. “Saímos [da Bahia] em busca de melhoria de vida, segurança, educação, que infelizmente onde a gente morava não tinha. E aconteceu esse ocorrido logo na parte de segurança, pois Portugal é um país muito seguro, mas ainda há casos isolados de violência”, ressaltou.
Apesar disso, a família, que tem três filhos, duas meninas e um menino, já vivenciou um caso de xenofobia com a criança mais nova, de 10 anos. Segundo Gislaine, o menor tem um porte físico pequeno para a idade que tem e acabou recebendo ataques de outros colegas na escola.
“Ele ficou em uma turma que os colegas eram maiores. Mandaram ele voltar para o Brasil, riram do sotaque. Depois de um tempo, eu percebi que ele não queria ir mais a escola”, contou. Ao chamar o filho para conversar, a criança revelou que três colegas o seguraram para bater: “Acionei a escola e depois disso não houve mais nenhum ocorrido. Ele voltou para uma turma menor”.
Longe do Brasil e também do Sistema Único de Saúde (SUS), a auxiliar de cozinha revelou que em Portugal, a situação é diferente em relação à saúde pública. Apesar do hospital ser público, eles terão de pagar um valor pela internação de Douglas na unidade de saúde. “O hospital de Lisboa, onde ele estava, é um hospital público, porém, depois de alguns dias, chega em casa um valor que a gente tem de pagar”, explicou.
O casal vai prestar queixa e vai procurar o Consulado Brasileiro, em Portugal. A discoteca, por meio das redes sociais, alegou que não compactuava com as agressões e que não aceitava os preconceitos que os imigrantes sofreram.
“Estamos à procura da melhor solução para o ocorrido. Sempre recebemos pessoas de todos os gêneros e nacionalidades, com funcionários qualificados e preparados para oferecer o melhor serviço. Não nos identificamos com comportamentos preconceituosos e estamos sempre a combater tais atitudes”, diz um trecho da nota.
Gislaine está assustada com toda a situação e afirmou que já presenciou outros casos de xenofobia, mas nunca imaginou que seria mais uma vítima na estatística de preconceitos no país.
“Já ouvi muitos casos de xenofobia, nunca presenciei um caso, mas nunca imaginei algo tão próximo, ainda mais comigo. Nunca fomos agredidos com palavras, primeira vez que ouvimos algo tão brutal”.
Fonte: Correio24hrs | Foto: Reproducão