Presidente da Embrapa diz que futuro da agricultura passa pelo investimento em ciência
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Presidente da Embrapa diz que futuro da agricultura passa pelo investimento em ciência

Autor: Embrapa | Foto: Reprodução

Mais conhecimento, ciência e tecnologia são a chave para um futuro com segurança alimentar e uma agricultura sustentável e produtiva, desenvolvida com pesquisa e inovação. Na palestra de abertura do WorldAgriTech South America Summit, um dos mais conceituados eventos destinados a especialistas da agropecuária, Celso Moretti, presidente da Embrapa, defendeu investimentos e parcerias como caminho para conciliar produtividade, sustentabilidade e garantia de alimento para populações crescentes em todo o mundo. A conferência virtual ocorreu na manhã de quarta-feira, 29 de julho.

Moretti citou as principais estratégicas adotadas pela Embrapa, para os próximos anos: “edição genômica, bioeconomia emergente, intensificação sustentável e agricultura digital são as prioridades para que mais soluções e inovações sejam entregues à sociedade”, disse. “Assim como no passado, a ciência terá papel central na modernização do agro. Com as demandas cada vez mais desafiadoras, a tecnologia passou a ser ainda mais imprescindível”.

Segundo o presidente da Embrapa, se antes as dificuldades envolviam a compreensão limitada dos biomas, a baixa produção agrícola e os baixos rendimentos, a pobreza rural generalizada e a crise constante de suprimento de alimentos, agora o cenário do agro nacional é de um de país exportador e tecnologicamente capacitado. “O mundo precisa ser mais bem informado sobre a agricultura do Brasil. Ainda assim, apesar das falhas de comunicação sobre a nossa produção agrícola, há o reconhecimento internacional da nossa capacidade de produção e de nossa competência em pesquisa agropecuária”, afirmou. A partir de um investimento de quase cinco décadas em ciência foi obtido um conjunto de conhecimentos que permitiu elevar o Brasil à categoria de um dos maiores exportadores de alimentos do mundo.

Moretti destacou a transformação de solos ácidos e pobres em terras férteis, a tropicalização de culturas e sistemas de produção animal e o desenvolvimento de uma plataforma de práticas sustentáveis como os três principais pilares, responsáveis pela transição do perfil do agro brasileiro. Ele cita exemplos: “soja, trigo, forrageiras africanas e o gado europeu e indiano foram tropicalizados. A produção de trigo nos trópicos atingiu níveis inéditos, ocupando hoje uma área de 130 mil hectares do Cerrado brasileiro”, comentou, explicando que ainda pode ser pouco: “podemos chegar a 2 milhões de hectares, tornando o Brasil autossuficiente na produção”.

Cenários e possibilidades
Para o futuro, disse ele, as possibilidades da edição genômica sinalizam com cultivares de soja tolerantes à seca e mais resistentes a nematoides e feijões com redução do escurecimento do tegumento (revestimento do grão), causado pelas condições de armazenamento. Na área da bioeconomia, Moretti destacou o potencial do produto biológico desenvolvido por pesquisadores e à base de bactérias que dissolvem o fósforo presente no solo. Ele já foi testado em culturas de milho, com aumento de rendimento de cerca de 10%. “Esse produto, o Biomaphos, representa a redução da importação de fertilizantes e o aumento da competitividade da produção”, completa.

O presidente da Embrapa disse que a participação da Embrapa no WorldAgriTech South America Summit representa uma oportunidade importante de reforçar a imagem brasileira perante os maiores nomes da agricultura internacional. “Debater novas tecnologias e modelos de negócios para o setor, a partir da perspectiva de uma instituição de pesquisa como a Embrapa, é estratégico para o Brasil”, disse. “Além de contribuir com a abertura de possibilidades e identificar potenciais parceiros, ajuda a atrair investimentos para a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação”, completa. Ele ressalta que a comunicação é estratégica para que haja o reconhecimento do que representa a agropecuária nacional, produtiva e sustentável.

Sobre o evento
A Cúpula Mundial de Agrotecnologia da América do Sul (World Agri-Tech South America Summit) foi um evento virtual, realizado dias 29 a 30 de julho, com o objetivo de ajudar produtores a superar desafios e compartilhar práticas da agricultura eficientes e dentro dos padrões de sustentabilidade. O evento apresentou startups da América Latina, interessadas em parcerias para disseminação de produtos do laboratório de pesquisa ao campo.

Na edição deste ano, a cúpula virtual se concentrou nas principais tendências agrícolas específicas do Brasil e da região sul-americana. Ao reunir palestrantes e parceiros da Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia e Chile, além de especialistas dos EUA, Canadá, Israel e Europa, a cúpula forneceu tanto um foco regional quanto uma perspectiva global. Os principais tópicos de discussão foram Gestão Agrícola: Novas plataformas que geram lucratividade para os agricultores; Precisão na Agricultura: Sensores, satélites, drones e imagens; Inteligência Artificial e Automação: Criando soluções integradas para sistemas de campo mais inteligentes; Saúde do Solo: Novas inovações na proteção biológica de plantações e nutrição de plantas; Gerenciamento Inteligente da Pecuária: Otimizando a saúde e o bem-estar animal; Inovação em Alimentação Animal: Aumentando a sustentabilidade e a qualidade da produção; Novos Modelos de Negócio: Interseção entre AgTech e Fintech; Ecossistema Regional de Agrotecnologia; tendências do consumidor e oportunidades de produção de alimentos na América do Sul.

Além do presidente da Embrapa, Celso Moretti, participaram cerca de 60 palestrantes, entre os quais representantes da Bayer, Basf, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bioceres Crop Solutions (Argentina), Solinftec (agricultura digital, Brasil), Aqua Capital e Capria Ventures (Argentina).