O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, recusou um convite do presidente Jair Bolsonaro para participar de uma reunião com representações diplomáticas em que o mandatário brasileiro se propõe, entre outras coisas, a apresentar supostas fragilidades nas eleições brasileiras. Em ofício encaminhado ao Palácio do Planalto, o cerimonial do TSE diz que, “na condição de quem preside o Tribunal que julga a legalidade das ações dos pré-candidatos ou candidatos durante o pleito deste ano, o dever de imparcialidade o impede (Fachin) de comparecer a eventos por eles organizados”.
Na reunião com os embaixadores, prevista para a próxima segunda-feira, 18, Bolsonaro anunciou que pretende apresentar documentos sobre as eleições de 2014 e 2018 – nesta última ele foi eleito presidente da República e a ela imputa a acusação, sem provas, de que houve fraude. Há uma semana, em sua tradicional live das quintas-feiras, o ex-capitão explicou o propósito do encontro com os embaixadores. “Será um PowerPoint mostrando tudo o que aconteceu nas eleições de 2014, 2018, documentado, bem como essas participações dos nossos ministros do TSE, que são do Supremo, sobre o sistema eleitoral”, disse.
A ofensiva do chefe do Executivo contra o sistema eleitoral não é nova, mas ganhou escala, conforme revelou VEJA, após as Forças Armadas engrossarem o coro de que seria necessário fazer uma auditoria paralela, independente do TSE, para que os resultados do primeiro e do segundo turnos sejam verificados. Em reunião ministerial no início do mês, o presidente e os militares sob suas ordens deixaram claro que pretendem recorrer a tudo para “fiscalizar” e “auditar” o processo eleitoral, inclusive “exigir” do TSE respostas a questionamentos apresentados à Comissão de Transparência Eleitoral da Corte e convocar o colegiado para explicações sobre supostas fragilidades das urnas eletrônicas.
Fonte: Veja | Foto: Divulgação