Monitoramento diário feito pela Quaest registrou pressão sobre cortes na Educação e críticas ao mal uso das emendas de relator por opositores de Jair Bolsonaro
As menções ao orçamento secreto cresceram 510% na semana passada, em relação aos sete dias anteriores, conforme mostra o levantamento “Bit by Bit”, realizado diariamente pela Quaest. Ao todo, o termo foi citado 541 mil vezes em Facebook, Twitter e Instagram, por cerca de 232 mil usuários entre os dias 4 e 10 de outubro. Para a maioria dos usuários, o assunto tem sido mal explorado por opositores do presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a corrida eleitoral, e também foi usado para pressionar o Ministério da Educação contra os cortes nas universidades públicas.
O levantamento identificou que 58% do total de menções ao orçamento secreto foram negativas, o que indica maior mobilização de opositores ao bolsonarismo no assunto. Outras 32% das menções foram de teor neutro ou informativo sobre esse sistema de verbas para os parlamentares, composto pelas emendas de relator, com pouca transparência e que tem sido usado por Bolsonaro para garantir o apoio especialmente na Câmara dos Deputados.
No debate sobre o orçamento secreto, cujo pico nas redes aconteceu nos dias 6 e 7 de outubro, três linhas de discurso se destacaram. Uma delas aponta que o tema tem sido mal explorado pela oposição a Bolsonaro e deveria ser tratado como um grande escândalo de corrupção da gestão do presidente. Um dos gatilhos para isso foi um vídeo, viral na última semana, que traz trecho da participação da senadora Simone Tebet (MDB-MS) no podcast Flow. Na fala de Tebet, ela explica o funcionamento das emendas de relator e o classifica como “o maior esquema de corrupção do Planeta Terra”.
Outro ponto de destaque, lembrado em tuíte do influenciador e youtuber Felipe Neto, é que a expressão “orçamento secreto” não comunica bem o que seria, segundo ele, um “esquema de propina do Bolsonaro”.
“Parem de falar ‘orçamento secreto’. Isso não comunica NADA pra massa, que não tem tempo de ir entender cada detalhe do que se trata. Soa até profissional. Expliquem o ‘esquema de propina do Bolsonaro pra comprar políticos’ de maneira clara, evitem ‘mas e o orçamento secreto?’”, escreveu Felipe Neto.
Pressão contra os cortes na Educação
O terceiro ponto de ampla repercussão sobre o assunto, conforme o relatório da Quaest, foi a pressão nas redes contra os cortes na Educação. À frente do MEC, o ministro Victor Godoy havia determinado que a pasta estaria impedida de gastar R$ 2,4 bilhões, com a promessa de que o valor voltaria a ser liberado em dezembro. Amplamente criticada, a medida gerou revolta nas redes sociais e internautas destacaram sua relação com a manutenção do orçamento secreto, que teve mais de R$ 15 bilhões previstos em emendas no orçamento deste ano.
“Para manter o Orçamento Secreto e apoio político, Bolsonaro corta verbas da educação (paralisa universidades), da prevenção e controle do câncer, das estruturas hospitalares para gestantes e bebês, dependentes de drogas e pessoas com deficiência. Um governo literalmente de morte”, escreveu a deputada Marina Silva (Rede-SP), no Twitter.
A pressão foi tamanha que, na última sexta-feira, o ministro voltou atrás. Godoy publicou vídeo afirmando que as universidades, institutos federais e a Capes terão recursos desbloqueados.
Fonte: O Globo | Foto: Reprodução