O temido tempos idos
vivia bastante aperreado
sem trabalho e emprego
em um perrengue danado.
Nesse vai e vem da procura
resolvi matar gado
abati um bezerrinho
com seis meses desmamado.
Não tinha o domínio nem a prática
precisava de outros cuidados
bati faca quinze dias
para tirar couro de um lado.
Sacrifiquei esse boizinho
no pé de uma Baraúna
quando lembro da gordura
a natureza me arripuna.
Com o fígado do boizinho
fiz um sarapatel
comeram seiscentos homens
e outro tanto de mulheres.
O chifre desse boizinho
mandei para Rio de Contas
fizeram mais de cem cabos de facão
e outros tantos faca de ponta.
O couro do rabo do boizinho
foi desfiar no Ceará
fizeram vários laços de sete pontas
dezenas de cordas de arriar.
Sofri nesse trabalho autônomo
passei por grande sufoco
o que aproveitei foi muito pouco
só porque o boizinho era toco.
Diante de toda dificuldade
não adianta nem falar
vamos todos ficar espertos
para essa coisa não voltar.
06 de fevereiro de 2024, Vitória da Conquista – BA
Ricardo Gonçalves Farias