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O candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, defendeu nesta terça-feira 23, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, suas críticas ao ex-presidente Lula (PT) e ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
Questionado sobre o risco de suas declarações intensificarem a polarização, o pedetista afirmou que pretende “unir o País ao redor de um projeto”.
“O Brasil vive hoje a mais grave crise, se nós tomarmos os números do desemprego e da fome. Há pessoas e grupos políticos responsáveis por essa tragédia. E a maior ameaça à democracia é o fracasso dela na vida do povo. Vou me esforçar para unir o Brasil”, declarou Ciro.
Ele disse tentar “mostrar ao povo essa polarização odienta, que não ajudei a construir”.
“Agora, tenta-se repetir uma espécie de 2018. Portanto, a gente tem de denunciar. Temos de ser duros. A corrupção é um flagelo no Brasil.”
Ciro ainda defendeu a mudança do “modelo econômico” que, segundo ele, “se convencionou chamar de presidencialismo de coalizão ou dessa adesão vexaminosa e corrupta ao Centrão”.
Ao defender o recurso ao plebiscito para decidir sobre determinadas questões, negou que a proposta coloque em risco a democracia representativa no Brasil. Segundo o ex-ministro, o primeiro caminho seria “estabelecer uma mediação com prefeitos e govenadores, que têm prevalência sobre os grupos de pressão”. Na sequência, caso haja um impasse, interessaria ao Congresso Nacional “chamar a população a desvendar o impasse”.
Para Ciro, “o Congresso tende a ser reativo”, mas “tem de propor ideias e não deixar esse ‘deixa que eu chuto’”.
“Se não teve acordo, chama o povo para resolver em plebiscito.”
O pedetista citou como exemplo de proposta passível de plebiscito um projeto de renda mínima, no valor de mil reais mensais por família beneficiada. O programa seria viabilizado por meio de um novo imposto sobre grandes fortunas, que atingiria os brasileiros com patrimônio superior a 20 milhões de reais – segundo ele, 58 mil pessoas.
Ele também voltou a se comprometer a abrir mão da reeleição caso vença em outubro, medida que, em sua avaliação, daria mais segurança política ao Brasil.
Segundo a mais recente rodada da pesquisa Datafolha, publicada em 18 de agosto, Ciro tem situação delicada na corrida eleitoral. Ele aparece na terceira posição, com 7% das intenções de voto, distante de Lula e Bolsonaro, que somam, respectivamente, 47% e 32%.
Ciro tem como vice Ana Paula Matos, vice-prefeita de Salvador, também do PDT. A chapa foi oficializada em 5 de agosto, o último dia previsto para a realização das convenções partidárias.
O pedetista disputará sua quarta eleição presidencial, desta vez sem alianças formais com outras legendas. Em 2018, ele teve Katia Abreu, então no PDT, como sua vice. Naquela ocasião, os pedetistas conseguiram atrair para sua coligação apenas o pequeno Avante – partido que neste ano apoiará Lula.
Há quatro anos, Ciro recebeu 13.344.366 votos (12,47% do total) e ficou na terceira colocação, mesma posição ocupada nas pesquisas de intenção de voto para o pleito de 2022. Bolsonaro, então no PSL, e Fernando Haddad (PT) foram ao segundo turno.
Ciro Gomes é o segundo candidato a ser entrevistado pelo Jornal Nacional. Na segunda-feira 22, a sabatina com Bolsonaro foi marcada pela manutenção de suas posições em diferentes assuntos e pelo não compromisso com o resultado das eleições deste ano, conforme destacaram três especialistas ouvidos por CartaCapital.
Na quinta 25, será a vez de Lula. Caberá a Simone Tebet (MDB) fechar a rodada de entrevistas, na sexta 26.
Fonte: Carta Capital | Foto: Reprodução/TV Globo