Justiça eleitoral suspende perfis de Pablo Marçal em redes sociais usados para monetização
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Justiça eleitoral suspende perfis de Pablo Marçal em redes sociais usados para monetização

A decisão determina a suspensão dos perfis de Marçal no Instagram, no X, no TikTok, no Discord e no YouTube, além de seu site oficial.

“Há indicativos que haja uma transposição de limites na conduta do requerido Pablo, no que respeita ao seu comportamento nitidamente comissivo de requerer, propagar e desafiar seguidores, curiosos, aventureiros, etc a disseminar sua imagem e dizeres por meio dos chamados ‘cortes’. Para mais, saber se a monetização dos ‘likes’ obtidos nos sucessivos ‘cortes’, permitiriam o fomento ou indício de abuso de poder, no caso, de natureza econômica ou mesmo se há guarida para reconhecer o uso indevido da comunicação. (…) Destaco que não se está, nesta decisão, a se tolher a criação de perfis para propaganda eleitoral do candidato requerido, mas apenas suspender aqueles que buscaram a monetização dos ‘cortes’ por meio de terceiros interessados”, explicou o juiz em decisão.

A decisão foi tomada em uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije), movida pelo PSB, de Tabata Amaral, e cabe recurso ao TRE-SP.

Após a decisão, antes de ter seu perfil derrubado, Marçal realizou uma live no Instagram na manhã deste sábado (24), no qual classificou a decisão como “sem fundamento”. Em vídeo, ele mobilizou seus seguidores a questionarem a sentença do TRE e prometeu vencer a eleição no primeiro turno.

“Vão derrubar as minhas redes sociais por causa de uma invenção jurídica. Obrigado por vocês me perseguirem. Toda perseguição acelera o processo. Derrubem minhas redes sociais que vocês vão ver, vou aparecer até dentro da sua geladeira”, afirmou o político.

Na live, realizada dentro de um veículo a caminho de motociata na Zona Leste de São Paulo, Marçal intensificou os ataques aos demais candidatos, em especial a Ricardo Nunes, candidato à reeleição, que conta com o apoio de Jair Bolsonaro.

Marçal, no início do ato — Foto: Maria Isabel / O Globo
Marçal, no início do ato — Foto: Maria Isabel / O Globo

“Você (Nunes) quer usar o sistema contra mim. Sem minhas redes, eu vou arrebentar você. Vou bater tão forte que você vai terminar a eleição em quarto lugar. (…) Lula, Bolsonaro, Kassab, Tarcísio, Dória. O sistema inteiro se juntou. Eu sou só um garoto de 37 anos. Vocês estão preocupados comigo por quê?”, questionou Marçal.

Segundo o ex-coach, a decisão seria uma tentativa do “sistema”, representado tanto por políticos de direita quanto políticos de esquerda de “barra-lo”. “Pode me prender, pode tirar minhas redes sociais, mas não pode me tirar o povo”, reclamou à plateia que esperava pela motociata. O empresário disse que vai recorrer à decisão.

A suspensão das redes de Marçal foi comemorada pela campanha de Tabata Amaral. “Com essa decisão, o que a Justiça Eleitoral está apontando é que há suspeitas concretas de que o Marçal fez uso de recursos ilegais para se promover nessas eleições. É uma decisão liminar. Basicamente, Pablo caiu no antidoping”, destacou a campanha em comunicado.

Nunes também se manifestou oficialmente sobre a suspensão das redes dos adversário, mas não comentou as ofensas recebidas em live.

— Eu obviamente sempre fui e continuarei sendo contra qualquer tipo de censura. Agora, tem uma questão, por falar em democracia, que a gente precisa ter regras iguais para todos os candidatos. Se for liberar para todos os candidatos fazer corte pago, aí tudo bem. Caso contrário, não pode permitir que tenha uma regra não cumprida e que fique o jogo desbalanceado — disse o prefeito em coletiva de imprensa durante agenda de campanha. — Outra coisa que precisa investigar bem com seriedade é a questão de recursos, se tem caixa 2, se tem algum tipo de ilegalidade. Absolutamente contra qualquer tipo de censura, mas defensor que a regra seja igual pra todos.

Entenda o caso
O diretório paulistano do PSB, partido da candidata Tabata Amaral, encaminhou uma representação ao Ministério Público Eleitoral pedindo a abertura de um inquérito contra Pablo Marçal (PRTB), pela prática de pagar seguidores que distribuem cortes de seus vídeos nas redes sociais. No documento, os advogados citam trechos da reportagem para argumentar que Marçal está cometendo abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação ao incentivar, por meio de promessas de ganhos financeiros, que perfis espalhem o seu conteúdo nas redes.

“A criação de um batalhão ou exército de influenciadores repetidores de conteúdo, remunerados pelo candidato ou suas empresas e reunidos pelo uso de um sistema informatizado ou um aplicativo amplifica artificialmente o alcance de Pablo Marçal, driblando a funcionalidade do algoritmo das redes sociais (que se aplicam aos adversários, mas não a Marçal) para lhe colocar em posição artificial de vantagem, o que não se pode admitir”, escreveram os advogados.

Fonte: O Globo | Foto: Maria Isabel Oliveira/O Globo