A Jornada Pedagógica 2025, promovida pela Secretaria Municipal de Educação (Smed), continua hoje (30) e amanhã (31) nas unidades escolares. Durante o primeiro dia do evento, três palestras foram ministradas para cerca de 3 mil pessoas no Imperial Grand Hall. Os temas foram “Trajetórias do Africano em Território Brasileiro”, com o professor Natanael dos Santos, e a participação musical do Quinteto Griô; “Storytelling, a ferramenta mais poderosa de transformação pessoal e coletiva”, com Ilan Brenman, e “Adaptação pedagógica e as dificuldades de aprendizagem de alunos com TEA”, apresentada por Klébia Cordeiro. Durante à tarde, ainda ocorreram apresentações culturais e sorteio de brindes para os presentes.
Por uma educação antirracista
De forma descontraída, o tema central da Jornada Pedagógica 2025 “Diálogos Étnico-Raciais: por uma educação antirracista” foi debatido pelo pesquisador de História Africana, Natanael dos Santos, que trajava indumentária colorida e brilhante, usava palavras em dialetos desconhecidos para a maioria do público, e contou com a participação do Grupo Griô que utilizava instrumentos de cordas e percussão, oriundos do continente africano.
A palavra que resumiu a palestra “Trajetórias do Africano em Território Brasileiro”, segundo o próprio historiador é “sankofa” – símbolo africano que expõe a necessidade de falar do passado para consolidar o presente e prospectar o futuro. “O negro tanto no período da escravidão no Brasil quanto no continente africano foi muito importante com suas contribuições. O negro veio escravizado e a nossa proposta com nossa formação e nosso material didático é mostrar a contribuição do negro na sociedade brasileira e na sociedade mundial”, disse Natanael, citando a matemática, música, agricultura, tecelagem e mineração como exemplos.
Para o palestrante, o conhecimento a respeito das realizações e criações do negro durante a história traz a valorização do negro e de sua cultura. “A partir daí, o jovem começa a olhar para o povo negro com outro olhar e essa é a nossa proposta, por isso o nosso maior interesse é a juventude”, revelou. Por fim, ele dicotomizou: “Não existe preconceito, existe falta de informação. E que a nossa diferença não faça a menor diferença, desde que tenhamos informação”. Natanael dos Santos é historiador, palestrante, escritor de livros didáticos e paradidáticos, pesquisador e membro fundador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A coordenadora pedagógica do CEI de São Sebastião, Débora Neri, ressaltou a relevante importância do tema. “É importante a Rede ter puxado para o início do ano, para a Jornada Pedagógica, porque a gente já abre o ano letivo com essa intenção de buscar estar inserindo a temática em todas as nossas atividades pedagógicas dentro da escola, em todo o ano letivo. A gente tem uma grande população de alunos negros, a gente também tem alunos indígenas nas nossas unidades escolares e a gente precisa que esse tema esteja em pauta durante todo o ano, com discussões bem fundamentadas, e esse momento é imprescindível. O professor Natanael é maravilhoso, o Grupo Griô é excelentíssimo, então é um pontapé inicial para que seja um ano letivo realmente de mudança e de inserção dessa temática nas nossas escolas”.
O Quinteto Griô é formado pelo maestro Daniel Albuquerque, no violino; pelo arte educador Felipe Bras, no piano; pelo multi-instrumentista Akan Aiô, na percussão e bateria; por Abner Evangelista, na viola; e pela pedagoga musicista Ana Carolina, no violoncelo. Durante a apresentação, o quinteto contou a história e tocou músicas do continente africano em ouroba e em jeje. “Trazemos a mensagem e desmistificamos que essa música nem sempre são de religiões ditas de matriz africana, mas são músicas que contam a história do povo preto”, concluiu o maestro.
O maestro que é também pesquisador, historiador e arte educador revelou que o grupo foi criado, a princípio, para acompanhar o professor Nathanel Santos e explicou o motivo: “O intuito do quinteto é trazer à tona todos os instrumentos que têm ancestralidade africana e que não são divulgados, esse conhecimento não chega à nossa população e eu digo que também até a população mundial. Então através de pesquisas, através de estudos de história, de mestrados, doutorados, nós conseguimos provar que a origem do violino, da viola, instrumento de corda percussiva nasceram naquela região que conhecemos hoje como Etiópia e através das diásporas voluntárias e involuntárias do povo preto acabaram sendo distribuídos para o mundo inteiro”. comentou Daniel.
Carolina Ferraz, monitora do Centro Municipal de Educação Infantil Prascóvia Menezes Lapa, no distrito de Iguá, esteve atenta durante toda a palestra e disse ter ficado feliz ao saber do tema. “O tema me abraçou. A educação antirracista é um tema incluso e está sendo muito bom estar aqui hoje”, disse a servidora, que ainda desejou que a jornada durasse mais tempo.
Ferramenta mais poderosa de transformação pessoal e coletiva
A primeira palestra da tarde foi com o escritor e professor, Ilan Brenman, e teve como tema “Storytelling, a ferramenta mais poderosa de transformação pessoal e coletiva”. Ele explicou que Storytelling é uma palavra em inglês que significa contar histórias. “O ato de contar histórias é uma das ferramentas mais poderosas do mundo. Fazemos isso todo dia, em reunião de trabalho, fofocas matinais, ouvindo rádio, vendo o Big Brother à noite. O que você está vendo lá? História. Eu vou ensinar e trazer para as pessoas como podemos escolher boas histórias que é o diferencial para transformar a vida das pessoas, das crianças, jovens e até professores”, disse.
Aprendizagem de alunos com TEA
“Adaptação pedagógica e as dificuldades de aprendizagem de alunos com TEA” foi o tema da palestra da professora Klébia Cordeiro. Ela destacou a quantidade de alunos com TEA e a dificuldade deles em identificar e adaptar atividades pedagógicas. “Os profissionais da educação especial que avaliam as necessidades e habilidades dos alunos adaptam todo o conteúdo programático de acordo com a necessidade e habilidade do aluno, tudo avaliado pela Coordenação Pedagógica e por todo o corpo docente que faz parte do processo de inclusão”, explicou.
Responsável pela Sala de Leitura da Escola Municipal Iza Medeiros, Kaane Moreira Pereira Cardoso relatou que as impressões da Jornada Pedagógica 2025 são as melhores possíveis. “Aqui nesse ambiente, a gente pôde reencontrar amigos, participar e aprender. Que 2025 seja um ano de muita aprendizagem para nós e nossos alunos”. A professora de AEE da Escola Municipal Milton de Almeida Santos, Camila Moreira, considerou a importância do momento. “Fazer uma reflexão de 2024 para o planejamento de 2025, direcionado ao tema que é muito rico. Vamos utilizar com nossos alunos dentro dos vários ambientes, fazer a reflexão para levar um bom resultado aos alunos”.
Segundo o secretário Edgard Larry, a jornada deste ano foi histórica. “Vivenciamos aqui a reedição da participação de todos os professores da rede. Ao longo do dia tivemos palestras, discussões, abordagens, com a certeza que estamos abrindo o ano de forma importante. Nosso agradecimento aos professores que participaram, a equipe organizadora que foi brilhante. Vamos seguir em frente. Esta jornada ficou na história da educação do município de Vitória da Conquista”, concluiu.
Fonte: Ascom/PMVC | Foto: Ascom/PMVC