O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), se reuniu, nesta segunda-feira (4), com produtores do estado, para discutir, mais uma vez, os impactos do tarifaço instituído pelo presidente dos Estados Unidos, Donaldo Trump, sobre exportações brasileiras.
O encontro contou com a participação do vice-presidente do Brasil e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB).
As discussões aconteceram na sede da Federação das Indústrias do Estado (Fieb), em Salvador, com mediação do presidente da instituição, Carlos Henrique Passos, que ficou ao lado do governador. Alckmin participou via chamada de vídeo.
Durante a reunião, o grupo continuou a produção de um documento, com base em estudos, que será apresentado durante encontros que Jerônimo Rodrigues terá em Brasília (DF), nesta semana, com os outros governadores do Consórcio Nordeste e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Alguns pontos também foram antecipados, nesta segunda-feira, para o vice-presidente. A principal expectativa é de que haja um recuo dos Estados Unidos em alguns dos pontos impostos pelo país, diante de negociações com o Brasil.
“Hoje nós já apresentamos parte desse documento ao vice-presidente, que é o coordenador dessas negociações, e, ali, ele apresentou a expectativa do Governo Federal ainda na retirada de alguns produtos [da lista do tarifaço]. Então, vamos trabalhar para que esses produtos, que impactam na Bahia, possam ser retirados da lista. Caso a gente não consiga, vamos negociar para que haja uma redução nessa tarifa”, disse Jerônimo Rodrigues, em entrevista à TV Bahia.
Caso isso não ocorra, o governador da Bahia já avalia outras medidas, como dar incentivos aos produtores do estado, mas ele espera apoio da presidência nessas ações.
“Já existe uma demanda preliminar de redução de alíquota de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), da mesma forma que existe o tempo de investimento como possível linha de crédito. Só que o braço forte do estado não é tão grande como o da União”, ponderou.
Entre os setores da indústria baiana que seriam mais atingidos, estão pneus e produtos petroquímicos, segundo destacou a Fieb. Alguns produtos de exportação da Bahia, como derivados de celulose e de petróleo, minérios e metais preciosos não foram incluídos nessa lista. A entidade trabalha para que mais itens exportados por empresas baianas sejam beneficiados.
O presidente da Fieb reforçou essa preocupação. “Dificilmente não vai haver impactos. O que nos cabe é encontrar caminhos para mitigar esses impactos, e encontrar também oportunidades que esse ambiente de crise pode oferecer para a Bahia encontrar outros caminhos de desenvolvimento econômico, além do próprio mercado americano”, pontuou Carlos Henrique Passos.
Principais produtos exportados da Bahia para os Estados Unidos
Produto | 1º semestre de 2025 (em milhões) | 1º semestre de 2024 (em milhões) |
Pastas químicas de madeira | U$S 71,4 | U$S 53,2 |
Manteiga, gordura e óleo de cacau | U$S 47 | U$S 28,8 |
Pasta química de madeira para dissolução | U$S 46,7 | U$S 58,2 |
Pneus | U$S 40 | U$S 55,9 |
Combustível | U$S 38,4 | U$S 1,8 |
Café não torrado, não descafeinado, em grão | U$S 23,7 | U$S 12,8 |
Água de coco | U$S 18,4 | U$S 9,2 |
Cordéis de fibras têxteis | U$S 12,7 | U$S 9,4 |
Cacau em pó | U$S 10,8 | U$S 3,4 |
Benzeno | U$S 10,5 | U$S 28,5 |
Outros tubos de plástico | U$S 9,6 | U$S 0 |
Pentóxido de divanádio | U$S 8,8 | U$S 9,9 |
Buta-1, 3-dieno não saturado | U$S 8,4 | U$S 13,5 |
Isopreno não saturado | U$S 8,3 | U$S 7,5 |
Magnésia calcinada | U$S 6,7 | U$S 7,6 |
Demais | U$S 78,7 | U$S 145,6 |