As despesas totais com saúde no Brasil aumentaram de 8% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2010 para o equivalente a 9,7% do indicador em 2021, apontam dados divulgados nesta sexta-feira (5) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Os percentuais abrangem tanto o consumo das famílias quanto o do governo com bens e serviços de saúde. Em 2021, as famílias seguiram com gastos maiores no setor, equivalentes a 5,7% do PIB, acima da proporção de 4% relativa ao governo. A soma dos dois componentes corresponde ao total de 9,7% do PIB.
O ganho de participação ao longo da série histórica, de 2010 a 2021, ocorre em meio ao envelhecimento da população e à incorporação de novas tecnologias em procedimentos de saúde. Isso, diz o IBGE, tende a elevar os gastos na área.
O Brasil ainda vivia os efeitos da pandemia de Covid-19 em 2021, ano em que o consumo de bens e serviços de saúde totalizou R$ 872,7 bilhões em valores correntes (sem o ajuste pela inflação), o equivalente aos 9,7% do PIB.
A proporção até foi maior em 2020 (10,1%), quando o início da crise sanitária derrubou diferentes atividades econômicas, mas as despesas em valores correntes nessa área foram menores (R$ 769 bilhões) do que em 2021. No período pré-pandemia, em 2019, o percentual estava em 9,6%.
O IBGE destacou que, em 2020, houve uma queda na quantidade de diversos procedimentos ambulatoriais e hospitalares devido aos riscos de transmissão do coronavírus.
Assim, em volume, o consumo de bens e serviços de saúde recuou 4,4% naquele ano. Com o início da vacinação contra a Covid-19 e a retomada de outros procedimentos, o indicador teve alta de 10,3% em 2021.
O volume corresponde à variação da quantidade de bens e serviços em um determinado período, descontando o efeito dos preços.
“Há uma tendência de crescimento dos gastos com saúde, tanto pela incorporação de tecnologia quanto pelo envelhecimento [da população]”, diz Tassia Holguin, analista do IBGE responsável pela apresentação dos dados.
“Como a gente gasta com saúde preventiva, a tendência é de que a expectativa de vida aumente, e pode ser que lá na frente sejam necessários novos cuidados”, completa.
O IBGE apresenta os dados de consumo do ponto de vista de quem faz os pagamentos pelos bens ou serviços. Ao longo da série, as famílias e as instituições sem fins lucrativos a serviço das famílias responderam pela maior parte dos gastos, se comparadas ao governo.
Em 2021, quando a despesa total na área foi de R$ 872,7 bilhões (9,7% do PIB), a das famílias atingiu R$ 509,3 bilhões (5,7% do indicador). Já a participação do governo ficou em R$ 363,4 bilhões (4% do PIB).
Os números integram o levantamento Conta-Satélite de Saúde 2010-2021. A pesquisa é uma extensão das Contas Nacionais, que medem o comportamento do PIB.
Em proporção do indicador, os gastos totais com saúde no Brasil ficaram em linha com a média dos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Ambos os percentuais foram equivalentes a 9,7% do PIB em 2021.
Fonte: BN/Leonardo Vieceli/Folhapress | Foto: Leone Iglesias/AT