Autor: BNoticias | Foto: Reprodução / CMFS
A Câmara de Feira de Santana escolheu nesta quinta-feira (6) os nomes que irão compor a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigará a distribuição de cestas básicas na cidade durante a prévia do segundo turno do período eleitoral, no ano passado. Composta em sua maioria por parlamentares aliados ao governo, mas que buscam espaço, o orgão de investigação expõe um racha na base do prefeito Colbert Martins (MDB).
A CPI da Cesta Básica, como foi apelidada a comissão, é formada pelos vereadores Emerson Minho (DC), que é o presidente; Eremita Mota (PSDB), que ocupa a relatoria; e Silvio Dias (PT), como membro. Paulão do Caldeirão (PSC) e Luiz da Feira (PROS) foram escolhidos como suplentes. A Comissão tem o prazo de 120 dias para a elaboração do relatório final e conclusão do trabalho. Denúncias de comercialização de pacotes de leite do programa de assistência social também serão apuradas pela Câmara.
Em entrevista ao Bahia Notícias, o líder do governo na Casa, Lulinha (DEM), criticou a abertura do processo de investigação, que segundo ele é fruto de uma “birra política” de Paulão com o titular da pasta do Desenvolvimento Social do município na época da distribuição das cestas, Pablo Roberto, e resultado de uma insatisfação do grupo político “Os Aliados”, encabeçado pelo presidente do Legislativo de Feira de Santana, Fernando Torres (PSD).
“Cada um tem sua particularidade, mas também há uma birra do vereador Paulão, que foi um dos autores da CPI, porque Pablo Roberto deu uma queixa dele na Justiça e, com isso, gerou algumas confusões. Inclusive, houve algumas insatisfações de demandas dele de solicitação de água na zona rural”, justificou Lulinha. “O vereador Paulão foi um dos autores da CPI, foi o que mais movimentou”.
Lulinha também teceu críticas a forma como os integrantes da CPI foram escolhidos, através de indicação pela Mesa Diretora da Câmara. “Não se usou nem a proporcionalidade, que deveria ter sido o correto, que a bancada dos partidos líderes indicasse o vereador. Temos a bancada do Democratas, que tem três vereadores e nenhum foi indicado pelo partido. Temos a bancada do MDB, que tem quatro vereadores e não pudemos indicar”, comentou, ressaltando a mudança no formato de escolha, alterado um dia antes da votação para composição da comissão. Antes da mudança, promulgada nesta quarta (5), o regimento da Casa previa a escolha através de sorteio.
Formado por dez vereadores, o grupo de aliados se apresenta como um reduto descolado do gestor do Paço Municipal Maria Quitéria, Colbert Martins, dentro da “Casa da Cidadania”. Na aprovação da CPI, treze vereadores assinaram o requerimento, os dez aliados e mais três outros vereadores da bancada oposicionista, formada por políticos de partidos de oposição como PT e PSOL.
“Quase todos eram da base do governo. Até que se diga o contrário, eles pertenciam a bancada do governo. Pertenciam, né? Porque foi criado um grupo que hoje é um grupo, praticamente, independente”, aponta Lulinha.
Paulão do Cadeirão – citado nominalmente pelo líder governista – diverge da versão de que eles estejam distantes do governo. Ele diz que o grupo político foi composto inicialmente para apoiar a votação dos projetos do Executivo. “Somos todos governistas. Votamos projetos do governo”, defendeu.
“O vereador Lulinha era o líder do governo, mas não tava mantendo sua liderança. Chegavam os projetos e estava dando trabalho para aprovar. A gente, juntamente com Fernando Torres, criamos os grupos de aliados e o prefeito Colbert Martins passou a ter mais facilidade na aprovação dos seus projetos”, argumentou, se referindo ao colega de legislatura como detentor de uma “incapacidade para liderar”.
Segundo Paulão, não só os 10 aliados, mas também os outros 8 que compõem a base governista, levaram cinco meses sem uma reunião com o prefeito, o que causou uma insatisfação entre os pares. Ele disse acreditar que, caso seja provada a inocência dos investigados, o prefeito poderá sair mais forte após o término do processo.
Questionado sobre a possibilidade de dialogar sobre uma reaproximação dos vereadores insatisfeitos, Lulinha afirmou que não há mais espaço para conversa: “já foi criada a CPI”.
“Vamos aguardar o desenrolar das audiências que forem marcadas para ouvir. Acredito que o secretário não tenha nada a esconder nessa questão. Ele estava na pasta e tinha o direito de ter comprado cestas e distribuído, e é normal isso em um período de pandemia”, disse, alertando que o prefeito Colbert está “tranquilo”.
A reportagem do BN também procurou a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Feira de Santana na tarde desta quinta (6). A gestão preferiu não se posicionar sobre o caso.