CAMELÔ
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CAMELÔ

Autor: Ricardo Gonçalves Farias

Micro e pequenos ambulantes ou nômades comerciantes informais. Exploram espaços públicos e divulgam, aos berros, suas mercadorias. É uma tentativa de atrair a clientela pelos ouvidos (vencendo pelo grito).
São os excluídos do balcão do emprego. Prerrogativa do movimento da moeda ociosa que é contingenciada pelas mãos controladoras invisíveis. Estas controlam os excessos através de suas conveniências (o mais dividido por menos é mais).
Esta excedente mão de obra se viu obrigada a correr atrás de algo para garantir sua sobrevivência. Restou-lhes o chão das praças, ruas e vielas (o virar nos trinta). São obrigados a garimpar, bateando o cascalho sessado e surrupiado, pelas peneiras das maiores redes lojistas do mercado regional.
Estes guerreiros vendedores de rua, para atenderem suas necessidades, correm riscos exponenciais. Lonas e barracas ficam a céu aberto, vulneráveis ao sol e a chuva, além de terem de se esquivarem dos fiscais, para não perderem seu pequeno estoque de bugigangas. As que garantem o pão de cada dia (luta e labuta).
Esta classe de mercadores de ruas que há tempos trabalham de forma insalubre, em locais sem a devida infraestrutura e ainda com o ônus de pagar taxas impostas pelo poder público.
À luz dos fatos, já está na hora do gestor fazer justiça a esta classe. É preciso que lhes deem segurança, atenção e melhorias nos locais de trabalho. Visto que, além de eles criarem seus próprios empregos, são geradores de rendas para as economias dos municípios em geral. A dinâmica do crescimento é de baixo para cima.
Fragmento de ideia: o descaso para com alguém, ou classe social torna-se chocadeira ou incubadora dos germes, que irão eclodir dando vida ao futuro inimigo da sociedade.

03 de agosto de 2022, Vitória da Conquista – BA
Ricardo Gonçalves Farias