Desde o ano de 2020, Carolina Nery se tornou trader na Minasul, segunda maior cooperativa de café do Brasil, que fica localizada no sul de Minas Gerais. A cooperativa, que conta com mais de 10 mil produtores, exporta cerca de 500 mil sacas do produto por ano para os Estados Unidos e Europa.
“Eu sou responsável pela parte de mercado externo. Então, tudo o que é relacionado a cafés convencionais é de minha responsabilidade. Eu prospecto novos mercados e novos clientes por meio de relacionamentos e negociações. Basicamente, eu negocio os cafés lá fora”, afirmou.
Raphael Ferraz de Souza, por sua vez, é dono de uma cafeteria fundada em 2014 na cidade de Ribeirão Preto. Durante o intercâmbio, trabalhou como barista na Austrália e, desde lá, notou a relevância do café brasileiro fora daqui. “Na maior parte das cafeterias do exterior, o café brasileiro é utilizado como blend (mistura), mas ainda assim eu acho que ele poderia ser mais valorizado”, ponderou.
O barista acha que o café brasileiro é o melhor do mundo. “Nós temos muitas microrregiões no Brasil com diferentes tipos de solo, clima, altitude e processamentos. Esses fatores contribuem para a variedade gigantesca nas notas sensoriais de café do país”, explicou.
Carolina e Raphael não são os únicos que notam a relevância do café no exterior: em uma pesquisa sobre a Percepção do Agro brasileiro na Europa, que englobou países como a França, Alemanha, Inglaterra e República Tcheca, o único produto mencionado no exterior de origem brasileira foi o café.
Segundo o Superintendente Comercial da maior cooperativa de café do país, a Cooxupé, Luiz Fernando dos Reis, o fenômeno é explicado por um conjunto de fatores. “Existe um peso no histórico de exportação do Brasil para muitos países, principalmente, europeus, para onde vai 50% do café arábica brasileiro. Também devemos considerar a consistência no fornecimento e na qualidade, além da utilização das mídias para promover a produção sustentável do café no país”, disse.
A trader Carolina ainda complementa dizendo que “eu acredito que cada vez mais a gente vem ganhando respeito. E é um trabalho de formiguinha, sabe? De posicionamento de marca e de marketing. A gente tá mostrando que o Brasil tem muita qualidade a oferecer assim como outros países”, completa.
O Superintendente Luiz Fernando conclui que a cafeicultura brasileira é diferenciada, porque o valor recebido pelo produtor por uma saca de café representa, em média, entre 85 e 90% do valor exportado. Esse fenômeno não acontece em outros países, já que lá o valor fica na mão de intermediários. “Aqui nós também ampliamos a produção sem aumentar área, aplicando apenas alta tecnologia. Isso faz com que o Brasil seja mais competitivo, gerando mais renda aos cafeicultores, o que consequentemente reverte em investimentos para melhorar a produtividade”, ressaltou.
Fonte: Globo Rural | Foto: Pixabay