O presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu, nesta quarta-feira (16), a medalha do mérito indigenista, concedida pelo ministro da Justiça Anderson Torres. A homenagem é dada “como reconhecimento pelos serviços relevantes relacionados com o bem-estar, a proteção e a defesa das comunidades indígenas”.
O presidente já foi denunciado duas vezes pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) pela prática de “política anti-indígena”. Sonia Guajajara, coordenadora da entidade, afirmou que entrará com ação judicial para anular a medalha. “É totalmente inaceitável. Estou muito indignada com esse cinismo”, escreveu nas redes sociais.
Em discursos anteriores, Bolsonaro já afirmou que o indígena é um “pobre coitado” e, em discurso transcrito no Diário da Câmara dos Deputados, em 16 de abril de 1998, afirmou que a cavalaria brasileira foi muito incompetente, por não ter dizimado mais índios no passado.
“Até vale uma observação neste momento: realmente a cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a Cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema no país”, disse, na ocasião.
Repúdio da SJDHDS
Em nota, a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS) afirmou que recebeu com perplexidade e choque a notícia de que o presidente Jair Bolsonaro recebeu a medalha do mérito indigenista.
“A honraria, criada há 50 anos, é concedida a pessoas que se destacam pelos trabalhos de proteção e promoção dos povos indígenas brasileiros e, por isso, sua entrega a Jair Bolsonaro causou indignação aos defensores dos diretos humanos e dos povos indígenas da Bahia e do Brasil”, diz pronunciamento.
A SJDHDS reforçou que conceder a medalha do mérito indigenista ao presidente Jair Bolsonaro fere a alma, a história e a luta dos povos indígenas brasileiros. “É um desrespeito sem medida a um povo que fez e faz a história desse país”, diz.
“Propagador de políticas anti-indígena, Bolsonaro ignora todos os pedidos de socorro dos índios brasileiros e promove um massacre dos seus direitos, com uma política de retrocessos que amplia as violações, a descriminação, o desrespeito, os conflitos fundiários. Em seu governo, a FUNAI e todos os órgãos que atuam na defesa dos povos indígenas foram sucateados e loteados por pessoas sem qualquer aptidão ou sensibilidade, colocando para os governos estaduais a defesa da garantia dos direitos dos indígenas, como é o caso da Bahia”, continua.
Fonte: Correio24hrs | Foto: ISAC NÓBREGA/PR