Baianos de 60 anos têm, em média, mais 22,8 anos de vida
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Baianos de 60 anos têm, em média, mais 22,8 anos de vida

Os baianos que atingiram os 60 anos têm, em média, mais 22,8 anos de expectativa de vida, podendo alcançar uma idade próxima aos 83. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2023, o indicador estadual era ligeiramente melhor que o nacional, anotando 0,3 a mais no mesmo quesito e atingindo a 11ª colocação entre todas as unidades federativas. O primeiro lugar da pesquisa ficou com o Distrito Federal (24,3), enquanto o último foi Alagoas (21,3).

Sem o recorte de idade, o levantamento aponta que a esperança de vida dos baianos, registrada em 75,6 anos, aumentou 10 meses e 24 dias frente a 2022, quando foram contabilizados 74,7. Ainda assim, a média do estado é a 10ª mais baixa do país, sendo apenas a 6ª na região Nordeste e menor que a do Brasil, que anotou 76,4.

O contraste entre a expectativa geral e a notada a partir dos 60 anos ocorre devido à quantidade de mortes ocorridas antes da velhice. É o que informa Marcio Santana, médico e fundador do programa Envelhecer Saudável, que destaca a desigualdade social como uma das causas. “Infelizmente, muitos jovens se envolvem na criminalidade em nosso estado. Muitos dos que chegam aos 60 anos e passaram pelas mesmas dificuldades destes jovens conseguiram achar outros meios sociais que os direcionassem para outro caminho”, disse.

De acordo com Bruno Chagas, médico geriatra do Hospital Agenor Paiva, a disparidade econômica entre os estados do Brasil promove a diferença na longevidade das populações. “A Bahia está entre os dez piores índices educacionais, quase metade da população ainda não é atendida por rede de esgoto, segundo o Censo de 2022 do IBGE. O estado mais violento do Brasil é a Bahia, de acordo com o Atlas da Violência de 2024”, ressaltou.

A distância para grandes centros de saúde e a exaustão para fechar as contas no final do mês também dificultam as pessoas a terem uma vida saudável. A aposentada Maria Augusta de Lima, de 61 anos, por exemplo, mora em Mata de Capim, distrito de São Gonçalo dos Campos, município próximo a Feira de Santana, e relata problemas para realizar procedimentos médicos. “Aqui tem um posto, mas para fazer os exames precisa ir até outra cidade. Isso é muito difícil, porque o transporte aqui é muito ruim. Eu sou hipertensa, preciso sair a cada três meses para buscar receitas. Estou em uma idade que doi os pés, as costas, o pescoço”, contou.

Uma outra impressão equivocada, segundo Marcio Santana, é que a saúde se restringe a emagrecer e engordar. Para ele, há quatro pilares para uma vida saudável: espiritual, emocional, psicológica e física. “A espiritual é a fé, independente da religião, de que tudo vai ser melhor. A emocional são as conexões sociais e não nos alimentar só de coisas negativas que estão sendo jogadas a todo o momento. Quando eu falo psicológico é sobre manter sua mente ativa, promovendo neuroplasticidade”, explicou.

Para Bruno, a busca pela saúde passa não só pelos hábitos individuais, como alimentação e idas ao médico, mas também pelos coletivos. “Podemos aumentar a expectativa de vida aumentando as políticas de acesso à saúde em todos os níveis de atenção, saneamento básico, educação e reduzindo índices de violência”, disse.

Fonte: Correio24hrs | Foto: Shutterstock