Após intensa pressão popular e críticas nas redes sociais, diversos deputados federais vieram a público pedir desculpas por terem votado a favor da chamada PEC da Blindagem — proposta que dificulta a abertura de processos criminais contra parlamentares sem autorização do Congresso. A medida, aprovada pela Câmara em dois turnos com ampla maioria, segue agora para análise do Senado, onde deve enfrentar resistência.
O que diz a PEC da Blindagem?
A proposta de emenda à Constituição estabelece que deputados, senadores e até presidentes de partidos só poderão ser presos ou processados criminalmente com aval da respectiva casa legislativa, em votação secreta. Críticos apelidaram o texto de “PEC da Bandidagem”, por considerarem que ela favorece a impunidade.
Deputados que se desculparam
Silvye Alves (União Brasil-GO) Em vídeo emocionado, a deputada classificou seu voto como um “erro gravíssimo” e revelou ter sido pressionada por “pessoas influentes do Congresso” que ameaçaram retaliações caso votasse contra. “Fui covarde e cedi à pressão. Quero pedir perdão aos meus eleitores”, declarou. Silvye anunciou sua saída do partido após o episódio.
Merlong Solano (PT-PI) O petista publicou uma nota oficial pedindo desculpas ao povo do Piauí e ao Partido dos Trabalhadores. Ele justificou o voto como uma tentativa de preservar o diálogo com a presidência da Câmara e destravar pautas sociais, como a isenção do Imposto de Renda e o Plano Nacional de Educação. Posteriormente, assinou um mandado de segurança no STF pedindo a anulação da votação.
Pedro Campos (PSB-PE) Irmão do prefeito de Recife, João Campos, o deputado também se retratou em vídeo. Disse que a estratégia era evitar o avanço da anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro e garantir pautas populares. “Tenho a humildade de reconhecer que não escolhemos o melhor caminho”, afirmou. Também ingressou com ação no STF contra a votação.
Thiago Joaldo (PP-SE) Integrante do Centrão, o deputado reconheceu que “a Câmara errou na mão” e que o “remédio pode ter saído mais letal do que a enfermidade”. Prometeu trabalhar para derrubar a PEC no Senado e corrigir o erro. “Vergonha é insistir no erro. Coragem é assumir e lutar para consertar”, disse.
Kiko Celeguim (PT-SP) Embora não tenha detalhado sua justificativa, o parlamentar afirmou nas redes sociais que “perdemos e aprendemos uma dura lição”, indicando arrependimento pelo voto favorável.
Repercussão e próximos passos
A reação pública foi intensa, com milhares de mensagens cobrando explicações dos parlamentares. A PEC agora será analisada pelo Senado, onde a mobilização popular pode influenciar sua tramitação. Enquanto isso, os pedidos de desculpas revelam fissuras internas nos partidos e o impacto da pressão social sobre decisões legislativas.
Fonte: Da Redação | Foto: Reprodução