Após atingir maior preço desde 1996, café continuará caro em 2022
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Após atingir maior preço desde 1996, café continuará caro em 2022

Grão teve aumento de mais de 40% no último ano. Segundo especialistas, valor do café só deve voltar ao preço normal em 2023

Segunda bebida mais consumida no Brasil, ficando atrás somente da água, o café atingiu o maior preço dos últimos 25 anos, de acordo com dados da Organização Internacional do Café (OIC) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Apesar de ser o maior produtor mundial de café, o Brasil viu o valor da bebida subir cerca de 40% nos últimos 12 meses. No caso de Florianópolis, por exemplo, capital com a cesta básica mais cara do país, o aumento chegou a 60%.

A notícia ruim é que o preço não deve cair em 2022, só a partir do ano que vem, conta Silas Brasileiro, presidente do Conselho Nacional do Café (CNC). “Creio que numa safra maior, em 2023, com os preços dos insumos mais ajustados, o valor volte ao normal”, explica.

“A indústria hoje paga um custo muito mais elevado que no ano passado, quando tínhamos um preço situado em torno de R$ 550 a R$ 600 (e hoje chega a R$ 1.500). Justamente por isso, com o preço alto para o produtor, consequentemente o valor aumenta para o consumidor”, completa o responsável pelo CNC.

De acordo com Celírio Inácio, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), os principais motivos para a alta foram o aumento do dólar, a subida nos preços dos insumos, a dificuldade de embarque para exportação e a pandemia.

“Todos esses fatores fizeram com que o preço da saca de 60 kg ultrapassasse os R$ 1.500, valor que há 25 não se via no mercado. Além disso, em 2021 o setor cafeeiro sofreu muito com as intempéries climáticas. A falta de chuva por um tempo prolongado ou o excesso dela contribuiu para o aumento de preço”, afirma o diretor da Abic.

Inácio analisa um levantamento feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “Há uma expectativa de colher 50 milhões de sacas, mas por se tratar de uma commodity [um produto negociado em bolsa], a insegurança continua firme, sustentando os preços em alta”, explica.

Fonte: Metrópoles | Foto: Getty Images