O comando de campanha do candidato do PT à prefeitura de Camaçari, Luiz Caetano, conta com a presença do presidente Lula na reta final do segundo turno no quarto maior colégio eleitoral baiano, o único do estado onde a disputa será decidida em um novo round. Embora evitem cravar a vinda de Lula, auxiliares próximos a Caetano receberam de Brasília sinais positivos sobre a presença de Lula ao lado do ex-prefeito no duelo direto contra o candidato do União Brasil, Flávio Matos, ex-presidente da Câmara de Vereadores do Município e nome apoiado pelo atual prefeito, Antônio Elinaldo. Nos últimos dias, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o governador Jerônimo Rodrigues e o senador Jaques Wagner iniciaram um esforço coordenado para convencer o presidente a participar de um ato público na campanha de Caetano. Saíram otimistas das primeiras investidas.
O pouco que falta
A vinda de Lula a Camaçari é vista como trunfo para Caetano em uma disputa com dois candidatos que terminaram praticamente empatados no primeiro turno. O petista obteve 49,52%, ante 49,17% de Flávio Matos. Em números absolutos, foi 77.926 contra 77.367, diferença de meros 559 votos a favor do ex-prefeito. Internamente, os integrantes da campanha de Caetano estão certos de que a presença do presidente pode ampliar a margem e completar o saldo que faltou ao companheiro no último domingo (06), a reboque da popularidade de Lula em uma cidade que deu a ele mais que o dobro dos votos na queda de braço com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022.
Mudança de hábito
Caso o maior cabo eleitoral do PT apareça de fato na batalha pelo maior município da Região Metropolitana de Salvador, será uma vitória e tanto para o trio Rui, Jerônimo e Wagner. Até então, Lula observou as eleições deste ano do camarote. Não participou nem dos atos de campanha do candidato apoiado por ele em São Paulo, o deputado federal Guilherme Boulos (Psol). Chegou inclusive a cancelar de última hora a presença em um evento organizado por Boulos no fim de setembro, sob a justificativa de participar da posse da nova presidente do México, Claudia Sheinbaum. Tudo para evitar atritos com partidos que compõem sua base de sustentação no Congresso Nacional e não atrapalhar a agenda prioritária do Planalto na Câmara dos Deputados e no Senado.
Ponto de passagem
No segundo turno, Lula decidiu entrar no jogo em cidades consideradas estratégicas para a futura corrida presidencial. Especialmente, naquelas onde a polarização com a tropa de Bolsonaro é mais aguda. Isso inclui, além de São Paulo, Fortaleza e Natal. Mesmo que o adversário do PT em Camaçari não seja associado pelo eleitorado local à extrema-direita de raiz, a cidade entrou no mapa pela importância que terá para o partido na Bahia em 2026, já que reconquistar o município pode amenizar o triunfo obtido pela oposição nos 20 maiores eleitorados do estado e a perda em praças importantes, como Ilhéus, Jequié, Lauro de Freitas e Vitória da Conquista, apesar de que nesta a votação está sub judice.
Se me chamar, eu vou
Do lado contrário, os dois principais líderes da oposição, o prefeito Bruno Reis e o ex-prefeito ACM Neto, também planejam entrar de cabeça em Camaçari para impulsionar a candidatura de Flávio Matos e tentar virar o jogo no embate final com Caetano. Antes de embarcar para Brasília na terça-feira (08), Neto recebeu o candidato do União Brasil no escritório do partido em Salvador e disse estar à disposição de Matos para participar de todos os eventos de campanha do aliado. Na cidade, chegaram a circular rumores de que Neto teria alugado uma casa em um condomínio de luxo na cidade e decidiu se mudar temporariamente para lá, mas a informação foi descartada por sua assessoria de imprensa.
Mal de ex
Ainda sobre Camaçari, passou praticamente despercebido o fiasco do ex-prefeito José Tude (União Brasil) no páreo por uma vaga na Câmara de Vereadores da cidade. Mesmo tendo administrado o município por três vezes, Tude conseguiu apenas 1.164, cerca de metade do que precisava para ser eleito pelo atual partido. Parece ter adquirido o mesmo carma do ex-prefeito João Henrique (PL), que comandou a prefeitura de Salvador por oito anos, mas viu a eleição para vereador naufragar novamente, com meros 3.904 votos.
Terceira via
A vitória maiúscula do prefeito de Jequié, Zé Cocá (PP), reeleito com nada menos que 92% dos votos válidos, deu gás aos planos do pepista de se tornar uma liderança política regional. Além de se manter no poder por mais quatro anos com um resultado fora do comum no histórico da cidade, Zé Cocá viu aliados de primeira hora vencerem em 15 municípios dos vales do Jiquiriçá e do Rio de Contas. Entre as quais, Jaguaquara, Itagi, Lafaiete Coutinho, Itiruçu, Maracás, Ubaíra e Planaltino. O bom desempenho animou o entorno de Cocá em torno de uma hipotética candidatura ao governo do estado. A tese é de que a política de Jequié já rendeu dois governadores – Lomanto Júnior e César Borges – e pode emplacar o terceiro com ele.
Favas contadas
Vereadores com posto de destaque na Câmara de Salvador garantem que a reeleição de Carlos Muniz (PSDB) será consolidada em candidatura única na Casa, com apoio de quase todos os partidos. Isso se um dos dois novatos eleitos pelo Psol – Eliete Paraguassu ou Hamilton Assis – não lançarem um nome na arena, só para não perder o costume de contrariar a ordem dominante.
Los Xarás
A sucessão municipal não foi das melhores para os dois Adolfos da política baiana. A começar por Adolfo Menezes (PSD), presidente da Assembleia Legislativa, que viu a esposa, Denise Menezes, candidata em Campo Formoso, levar uma sapecada do prefeito Elmo Nascimento (União Brasil), irmão do seu arqui-inimigo, o deputado federal Elmar Nascimento. O segundo, o deputado federal Adolfo Viana (PSDB), foi pego no contrapé pela virada surpreendente do representante da base aliada em Juazeiro, Andrei da Caixa (MDB), sobre a prefeita Suzana Ramos (PSDB), aliadíssima do líder tucano.
Fonte: M1 | Foto: Divulgação