Chamadas de vídeo são uma forma de diminuir a saudade e de amenizar distâncias
Autor: Diego Amorim, O Globo | Foto: Arquivo pessoal
O churrasco precisou ser adiado na casa da aposentada Maria de Souza da Silva, de 92 anos, em Petrópolis, Região Serrana do Rio. Pela primeira vez, ela não verá os filhos, netos e sobrinhos reunidos no Dia das Mães. Hoje, o almoço tradicional da família será substituído por uma chamada de vídeo pelo celular, cada um na sua casa. Em meio ao isolamento social imposto pela quarentena, mães e filhos tentam vencer a distância e amenizar a saudade com as já famosas lives pela internet.
— A minha mãe nunca teve celular e não é ligada em tecnologia. Mas agora faço várias lives a pedido dela. É uma forma de diminuir a falta que ela sente de ver os filhos reunidos, sem deixar de protegê-la da Covid-19. Ficar em casa agora, longe uns dos outros, é um ato de amor — diz Regina da Silva, de 46 anos, a caçula entre os dez filhos de Dona Maria.
Longe da mãe há quase dois meses, a funcionária pública Renata Calil Lemos, de 43 anos, afirma que esse será um domingo das mães triste, mas necessário na pandemia do coronavírus.
— Nada substitui o toque, o carinho, o abraço e o colo de mãe. Vamos estar conectados, mas para a minha mãe será ainda mais difícil do que para mim e minha irmã.
E Renata está certa. A aposentada Laura Emília Calil Lemos, de 69 anos, diz que “o coração está apertado demais”.
— Dia das Mães é como o Natal, com todos juntos. Não sei explicar a sensação, é o primeiro longe dos meus filhos. É doído, vou chorar, mas vamos rir e nos divertir na internet.
A também aposentada Maria da Silva, de 63 anos, revela que, apesar da dor da distância, o importante é lembrar a importância do isolamento.
— Estamos longe, mas protegidos. Sendo conscientes, com a esperança de dias melhores, nós teremos outros dias pela frente para comemorarmos muito e abraçarmos os filhos — diz a mãe dos irmãos Tatiana e Thiago Souza.