As tarifas de 50% anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para os produtos exportados pelo Brasil preocupa produtores da Bahia. A Federação das Indústrias do Estado (Fieb) aponta que eles temem o encerramento de contratos.
Trump anunciou a taxação na quarta-feira (9), em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As novas taxas devem entrar em vigor a partir de 1º de agosto.
Segundo o órgão, os Estados Unidos são, atualmente, o terceiro principal destino das exportações baianas, ficando atrás apenas da China e Canadá. Somente no primeiro semestre deste ano, o país norte-americano rendeu US$ 440 milhões ao estado.
Quando convertido em real, esse valor equivale a aproximadamente R$ 2,4 bilhões — 1% do Produto Interno Bruto (PIB) da Bahia.
“A preocupação imediata é a quebra de uma relação comercial entre o portador e o exportador, que vai obrigar ambos a buscarem a verificação se há condição de continuar aquele negócio. E tudo isso, embora a tarifa estando prevista para 1º de agosto, já começa a impactar. Até porque mercadorias que saem do Brasil hoje podem chegar nos Estados Unidos a partir da data de vigência da tarifa, e isso vai impactar no custo da importação”, pontuou o presidente da Fieb, Carlos Henrique Passos, em entrevista à TV Bahia.
A indústria é apontada pela instituição como o principal exportador do estado para o mercado americano, com cerca de US$ 399 milhões, o equivalente a 90,6% dessas vendas e a 12% de todas as exportações da indústria do estado.
Caso a elevação tarifária seja mantida, conforme pontuou a Fieb, a celulose tradicional será um dos principais produtos afetados, assim como pneus, manteiga e líquor de cacau.
“A indústria brasileira já sofre muito com o custo interno, quer pela taxa de juros elevada ou pela infraestrutura não tão eficiente, e sofrer uma redução de escala pode significar em fechamento de plantas industriais”, pontuou o presidente da Fieb.
“O efeito direto e o efeito indireto pode ser muito nocivo. São pessoas que perdem renda e perdem poder de compra”, reforçou Carlos Henrique Passos.
O problema chama atenção do governador do estado, que se posicionou sobre o assunto durante o cumprimento de uma agenda em Salvador. Jerônimo Rodrigues (PT) criticou o envolvimento de questões políticas com a decisão.
“O setor produtivo não pode pagar essa conta. A política não pode atrapalhar o setor produtivo. Na medida em que um presidente escreve uma carta, iniciando dizendo que não concorda com o comportamento jurídico do estado, que não é dele, ele quebra a soberania de um país. Isso é muita irresponsabilidade”, afirmou o governador.
“Os canais diplomáticos devem, esquecendo um pouco as questões políticas, buscar as questões econômicas, que nutrem uma relação que já dura há muito tempo. Nós clamamos [por] um bom senso, para que relações construídas ao longo de muito tempo não sejam perdidas”, destacou o presidente da Fieb.
Fonte: G1 BA | Foto: Veracel Celulose