A Câmara Municipal de Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, está apurando denúncias de negligência contra o Hospital Municipal Esaú Matos, por causa de problemas registrados no local recentemente.
O trabalho está sendo desempenhado pela Comissão de Direitos das Mulheres. Eles cobram explicações da unidade de saúde e providências para melhorar o atendimento à população do município.
Segundo a vereadora Márcia Viviane, presidente do grupo, o caso que se destaca entre as denúncias [e a morte de um recém-nascido, ocorrida há um mês.
Na ocasião, o pequeno John Henrique nasceu vivo, mas teve óbito atestado no mesmo dia, o que, conforme pontuou a vereadora, é classificado como uma morte neonatal precoce.
“Nós tomamos conhecimento e de imediato procuramos ir até a fundação de saúde, reunir com a direção, porque, para além da questão do óbito, nós temos recebido muitas queixas com relação a desassistência, prolongamento do parto, demora no atendimento. Então, nós levamos todas as denúncias que temos recebido”, afirmou Márcia Viviane, em entrevista à TV Sudoeste, afiliada da Rede Bahia.
Vinte dias após o ocorrido, a família do bebê ainda tenta superar a dor da perda. “A gente fica tentando não abrir mão, mas a gente fica tentando não abrir mão, mas não sabendo que não vai resolver. Não vai trazer ele de volta. Assim como muitas mães que perderam seus filhos, que sofreram, e, nesse processo, a gente não consegue dormir, fica pensando bastante. Poderia ser evitado, mas a gente acaba levando isso”, afirmou Caroline Rodrigues, mãe de John Henrique.
Por isso, a família acionou o Ministério Público da Bahia (MP-BA) e ingressou com uma ação contra o hospital. “Foram vários erros, que eu creio que tenham acontecido com várias pessoas, infelizmente levando a óbito as crianças e até as mães. É um caso que tem que ser resolvido, que tem que parar”, disse Aparecido da Silva, pai do bebê.
A advogada que acompanha o caso tenta o prontuário do bebê para dar prosseguimento ao caso, mas, segundo ela, a unidade de saúde ainda não entregou o documento.
“O hospital vem se recusando de forma abusiva e ilegal de oferecer esse prontuário, que é de direito da família. Eles alegam que teriam um prazo de 90 dias para entregar esse prontuário, mas esse prontuário é importante para o enquadramento das tipificações do crime”, afirmou a advogada da família, Virna Beatriz.
O caso também é investigado pela delegacia da cidade, onde a situação foi registrada. No entanto, não há detalhes ainda sobre a apuração.
Em nota, o hospital reforçou a necessidade do prazo de 90 dias para a entrega do prontuário da paciente, e disse que, até então, se passaram 18 dias desde a solicitação.
Em entrevista à TV Sudoeste, afiliada da Rede Bahia na região, a diretora do hospital, Seres Almeida, afirmou que uma investigação interna também está em andamento.
“Em relação à investigação, nós temos uma em andamento, por parte do comitê de investigação de óbitos. Nós estamos também fazendo uma investigação de efeitos adversos e nós nomeamos uma comissão para que, ao final dessas duas análises, esse grupo faça o fechamento dos resultados”, afirmou.
A gestora pontuou ainda que a unidade vive superlotada, por causa da demanda por atendimento na região. “A gente está em estado de superlotação todo os dias, então, todos os profissionais estão sobrecarregados pelo excesso de demandas”.
“A gente recebe vãs que param na porta e descem até dez gestantes para serem atendidas no hospital, já que ele é o único da região. E a gente não consegue dar conta, com tanta demanda e pouco recurso financeiro. Só quem esteve em uma maternidade como o Esaú, que atende tantas pessoas, sabe que um parto no banheiro pode acontecer”, completou.
A diretora do hospital também pediu compreensão por parte da população. “É importante que as pessoas conheçam tudo de bom que ele faz, porque, hoje, há uma mobilização negativa em relação ao Esaú Matos, mas se esquece do quanto ele contribui para o município e a região”.
Fonte: G1 BA | Foto: Reprodução/TV Sudoeste