A professora da Universidade Estadual da Bahia (Uneb) Anhamoná Brito usou as redes sociais para denunciar que foi vítima de injúria racial no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Ela relatou que foi atacada por uma funcionária no local quando estava saindo do banheiro de uso preferencial para deficientes físicos.
“Hoje de manhã desembarquei em São Paulo, Congonhas, para uma atividade de trabalho. Para minha surpresa fui vítima de injúria racial aqui no Aeroporto de Congonhas, praticado por uma funcionária da Gol, não sei se do quadro efetivo ou de terceirizados. Uma situação de constrangimento ilegal, uma prática profissional incompatível. E no meu entendimento de mulher preta que lida com relações raciais e crimes vinculados a raça, obviamente o tom da minha pele, quem eu sou, direcionou a ação”, inicia ela. Apesar da professora, em seu relato, informar que se tratava de uma trabalhadora ligada à Gol, a companhia disse que já identificou que se trata de uma terceirizada que presta serviço para outra empresa. A Gol disse que já procurou a passageira para prestar apoio e esclarecimentos e que está à disposição da investigação (leia nota completa abaixo).
“Saí do voo G31525 não me sentindo muito bem. Na área de desembarque, o banheiro feminino comum estava cheio. Fui a um prioritário, que não é exclusivo, porque estava me sentindo muito mal. Quando saí, fui abordada por uma profissional que estava acompanhando uma mulher com deficiência, ao invés de perguntar qual motivo de eu acessar aquele banheiro, começou a gritar comigo”, relata. “Ela começou a me perseguir e gritar pelo aeroporto, com intuito de me fazer parar e talvez entrar no jogo dela”.
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A professora diz que a funcionária estava correndo enquanto empurrava a cadeirante pelo saguão e dizia que quando fosse mais velha, Anhamoná enfrentaria uma situação parecida e que aquilo era absurdo.
“Quando eu a abordei, de maneira educada, mas objetiva, e perguntei se aquela conduta dela não estava eivada de preconceito racial, se não era uma postura racializada, ela começou a me xingar, de maneira bastante jocoso, de cachorra, de puta e outros termos, com intuito inclusive, no meu entendimento, de conseguir mais adeptos, já que nós não podemos falar que somos vítimas de violência racial”, explica. No post que fez, Anhamoná afirma que ao ser questionada, a funcionária intensificou os xingamentos e ironizou, afirmando que “pra este povo, tudo é racismo agora”.
O caso foi registrado na 2ª Delegacia de Atendimento ao Turista. A professora também fez uma queixa diretamente na Gol, e afirmou que a primeira supervisora que a atendeu tentou diminuir o episódio.
“Antecipou um julgamento que não é de competência dela, que não sofri injúria, que a conduta da funcionária era regular, talvez um pouco excessiva. Que eu não teria nada a reclamar”, relata. A reclamação foi formalizada com uma segunda supervisora.
Leia a nota da Gol:
A GOL informa que a ocorrência foi encaminhada ao Canal Interno de Denúncias, responsável pela apuração de casos como o citado. Após checagem com câmeras internas do aeroporto de Congonhas, averiguou-se que o diálogo relatado pela passageira no vídeo publicado nas redes sociais não se deu com funcionária da Companhia, mas sim com a de uma empresa terceirizada que não presta serviços para a GOL.
A Companhia entrou em contato com a passageira para prestar apoio e esclarecer os fatos e se mantém à disposição das autoridades que apuram a ocorrência.
Fonte: Correio24hrs | Foto: Reprodução