A campanha 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher foi lançada oficialmente nesta quinta-feira (21), no foyer do Planetário Professor Everardo Públio de Castro, no Centro Cultural Glauber Rocha – embora já tenham sido realizadas ações anteriores que também estão inseridas na programação, como os cursos profissionalizantes de manicure e pedicure “Mãos e Fios” e de produção de pães especiais com massa salgada. A programação da campanha segue até 10 de dezembro, data em que se celebra o Dia dos Direitos Humanos.
“Não devemos nos calar. Vamos falar e denunciar”, conclamou a prefeita Sheila Lemos, em sua fala durante o ato de abertura da campanha. Segundo a gestora, um dos objetivos da iniciativa é justamente conscientizar as pessoas – de todos os gêneros – sobre as múltiplas formas da violência de gênero. “A violência não começa com o tapa ou com o murro. Começa com as palavras, para depois chegar às vias de fato”, explicou a prefeita. “E nós precisamos compreender essa violência psicológica”.
Sheila mencionou ainda a necessidade de que não somente as mulheres, mas também os próprios homens compreendam que determinados atos são, sim, práticas violentas. “Muitas vezes, o homem pratica a violência sem nem saber que está praticando”, disse. “Por isso, precisamos ensinar. E a melhor forma de fazer isso é levar para as escolas”, recomendou a prefeita, antes de informar que a equipe do Centro de Referência Albertina Vasconcelos (Crav) já começou a promover atividades educativas sobre o tema em escolas municipais.
Mudando a cultura
A secretária municipal de Políticas para Mulheres, Viviane Ferreira, reforçou o fato de a campanha ser promovida em nível global, mas de ser executada em âmbito municipal. “É de grande importância para Vitória da Conquista, assim como é uma iniciativa mundial a erradicação da violência contra as mulheres”, afirmou.
Viviane falou ainda sobre a necessidade de se juntar forças – o que acaba ocorrendo no decorrer da campanha. “Precisamos dar as mãos para que a gente possa, efetivamente, mudar essa cultura do machismo, da violência, da redução da mulher pela questão especificamente do gênero”.
A secretária prosseguiu: “Temos trabalhado durante todo o ano, mas, em novembro, a gente intensifica essa campanha, levando aos quatro cantos da cidade ações voltadas para que todos se envolvam e venham abraçar com a gente essa importante luta”.
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Eliminando o machismo estrutural
A representante do Conselho Municipal da Mulher, Maria Otília Soares, reforçou a questão do combate ao machismo estrutural – o qual, como ela explicou, é praticado de forma tão sutil que muitos homens e mulheres sequer o percebem. “Desde cedo, existem os brinquedos para os meninos e os brinquedos para as meninas, definindo papéis e ajudando a suscitar esse estigma de que os homens podem muito mais que as mulheres”, observou Maria Otília, classificando a violência de gênero como “uma chaga que precisa ser eliminada da nossa sociedade”.
“Conquistas e lutas”
Para a delegada titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), Christie Correia, o ano de 2024 foi de “conquistas e luta”, principalmente devido a dois fatores: o início dos plantões do setor nos fins de semana, que ocorrem desde junho, e o funcionamento em 24 horas, iniciado em outubro.
Outra novidade relevante, lembrada pela delegada, foi a aprovação da Lei nº 14.994, que trouxe mais rigor para as punições aos crimes de feminicídio. “Nossa luta primordial é para salvar a vida das mulheres”, enfatizou Christie.
Alerta
O ato de abertura também teve momentos culturais: uma apresentação de dança protagonizada por alunas do 4º ano da Escola Municipal Tenente Coronel Manoel Joaquim Pinto Paca, antes do início da cerimônia, e a leitura de um poema pela também estudante Lívia Vitória Seles Viana, 12 anos, moradora do bairro Vila América e integrante do Núcleo de Cidadania Adolescente (Nuca). Com sua criação, Lívia disse ter o mesmo objetivo da campanha 21 Dias de Ativismo: a conscientização das pessoas sobre a violência de gênero.
“Fiz esse poema para as pessoas terem uma visão boa sobre as nossas mulheres, porque tem muitas delas que sofrem agressões, violências físicas e de outros tipos, também”, informou Lívia, descrevendo seu texto como um “alerta”.
“Podem ter mulheres aqui mesmo, no Planetário, neste evento, que estão sofrendo violência e que estão caladas”, comentou a jovem. “É um evento que pode marcar bastante a vida de muitas mulheres”, concluiu.
Fonte: Ascom/PMVC | Foto: Ascom/PMVC