Cresce o número de casos de infarto em mulheres, que atinge 1 em cada 5
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Cresce o número de casos de infarto em mulheres, que atinge 1 em cada 5

Doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de mortes entre mulheres. Ação “Biolab Juntos Por Elas” reforça a importância de compartilhar conhecimento para apoiar à prevenção do infarto do miocárdio e do acidente vascular cerebral principais causas da DCV

O coração é um órgão vital do nosso corpo. Ele tem a função de bombear o sangue pelo sistema circulatório. O mal funcionamento no bombeamento do fluxo de sangue do coração para outros órgãos está causando cada vez mais problemas – especialmente nas mulheres.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um terço das mortes em mulheres no mundo é causada por problemas no coração. No Brasil, a causa representa 30% dos óbitos – superando, inclusive, outros países da América Latina. “Uma das principais razões para esse cenário é a desinformação e orientação. Nunca foi tão importante o trabalho dos profissionais da saúde de compartilhar conhecimento de forma acessível e cuidar da saúde das mulheres de forma holística”, explica a Dra. Marildes Luiza de Castro, ex-presidente do Departamento de Cardiologia da Mulher da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

A campanha “Biolab Juntos Por Elas” é uma iniciativa nesse sentido. Seu objetivo principal é contribuir para a educação do público feminino para enfrentar esse problema. “Mesmo funcionando da mesma forma para todos os gêneros, existem diferenças no sistema fisiológico feminino que representam maior risco ao desenvolvimento de Doenças Cardiovasculares (DCV)”, informa a especialista.

Isso ocorre – esclarece a Dra. Marildes – porque as artérias coronárias das mulheres são mais finas e tortuosas, dificultando a passagem do sangue para o coração. Outra característica é que o coração é menor (cerca de dois terços em relação ao masculino). Isso se reflete no ritmo da frequência cardíaca mais acelerado. Além das diferenças anatômicas, existe também o fator hormonal, que influencia o desenvolvimento de doenças cardíacas, com maior risco após a menopausa, fase em que há redução dos níveis de estrogênio que, entre suas funções, protege o sistema cardiovascular pela sua ação vasodilatadora e manutenção dos bons níveis do “colesterol bom”.

O tema merece atenção especial. Relatório da Associação Americana de Cardiologia mostra que, quando analisada a sobrevida após o infarto, os homens têm 8,2 anos e as mulheres apenas 5,5 anos. “O desconhecimento das causas das doenças do coração e os seus sinais estão entre as principais razões da estatística, pois, sem saber analisar a dimensão do problema, elas não procuram ajuda. A representatividade feminina nos estudos que envolvem cardiopatias também tem sido baixa ao longo dos anos, o que dificulta o conhecimento dos impactos e seus desdobramentos”, alerta a médica.

A Dra. Marildes aponta os sintomas típicos das cardiopatias: dor no peito e formigamento do lado esquerdo. Mas, para a população feminina, os sintomas incluem náusea, cansaço extremo, dor nas costas e suor frio.

“Mesmo sem entupimento das artérias há risco de infarto. Essa é uma associação muito comum na saúde feminina. Para as mulheres, existem indícios de perigo em outras condições, como ocorrência de ovário policístico, menarca e menopausa precoces e complicações na gravidez, como hipertensão e diabetes gestacional. Adicionalmente, destacam-se as causas já conhecidas, incluindo sedentarismo, diabetes mellitus, histórico familiar, obesidade, sono irregular, má alimentação e colesterol alto. No caso do tabagismo, pesquisas relatam que o hábito é ainda mais prejudicial para mulheres por motivos biológicos relacionados à rápida metabolização da nicotina. A situação pode piorar com o consumo de tabaco associado ao uso de anticoncepcional hormonal, transformando-se em uma bomba de alto risco para trombose”, detalha a especialista.

Outro ponto de atenção: o problema está acontecendo cada vez mais cedo. Entre 1990 a 2019, saltou para 62% a ocorrência de mortes por infarto em mulheres de 15 a 49 anos, de acordo com a SBC.

“O fator socioeconômico também é relevante. O ritmo de vida das mulheres está cada vez mais agitado. Elas equilibram carreiras com as responsabilidades de casa. Quanto antes educarmos esse público sobre os caminhos para uma vida mais longa e de qualidade maiores são as chances de reduzir esse problema, que é de saúde pública”, pontua a Dra. Marildes Luiza de Castro.

Fonte: Da Redação* | Foto:  Divulgação

*Com informações da Biolab