Dizem que nos últimos tempos Vitória da Conquista, o terceiro maior colégio eleitoral da Bahia, com 250 mil eleitores, só tem dois lados, os petistas e anti-petistas, mas no cenário que se delineia 2024 tem novidade, a vereadora Lúcia Rocha (MDB), que vem pontuando bem nas pesquisas.
E ela segura a candidatura até o fim, ou vai bandear para um dos lados? No jogo tem a prefeita Sheila Lemos (UB), herdeira de Herzem Gusmão (MDB), o prefeito que se reelegeu em 2020, mas nem tomou posse do segundo mandato, caiu vítima da Covid. E de outro, o deputado Valdenor Pereira (PT). Os dois querem.
A questão é que, em 2020, o MDB era oposição, o partido em que Herzem se elegeu e reelegeu. Agora está no governo, com o vice-governador Geraldo Júnior. É outro cenário.
Histórico
Lúcia Rocha é uma sergipana de Aquidabã que adotou Vitória da Conquista, onde foi ser feirante. Aos 70 anos, tem no currículo oito mandatos consecutivos de vereadora. É figura muito presente nas ruas, mas ao que dizem é que não tem discurso, é fraca de debate.
Sheila Lemos, a prefeita, diz ter algum desgaste, gerado pelo dinheiro curto. Valdenor, por seu turno, diz contar com o apoio de sete partidos e exibe uma pesquisa em que 63% do eleitorado diz querer a volta do PT, que governou o município por 20 anos. E Lúcia afirma que é pré-candidata.
Das três grandes cidades baianas, Salvador , Feira e Conquista, esta última é a única que os petistas governaram. Mas nas passagens por lá até agora, Jerônimo nunca cumpriu agenda local. Só pernoitou.
Raimundo Costa, o da pesca, diz que é governo e ponto final
O deputado federal Raimundo Costa (Pode), o homem da pesca, que integrava a base do governo baiano, mas ano passado apoiou Bolsonaro e ACM Neto, diz que agora está firme e forte com Lula e Jerônimo.
— Mudei porque as alternativas que me deram eram suicidas. Me ofereceram por exemplo o Avante de Isidório, dizendo que ele iria ter mais de 400 mil votos. Ainda bem que não acreditei.
Raimundo diz que se reelegeu pelo Podemos e está alinhado com o partido, que apoia Lula lá e Jerônimo cá. Também afirma já ter avisado ao governo que com ele está, na base, a ex-prefeita de Valença, Jucélia Nascimento, que era amiga de Rui Costa, mas também apoiou ACM Neto.
— Já avisei ao pessoal do governo, ela é candidata a prefeita com meu apoio e está na base do governo.
A questão é saber se Rui Costa vai engolir.
O império do vinho baiano
Aliado da prefeita Juliana Araújo (UB), de Morro do Chapéu, o deputado Pedro Tavares (UB) diz que alguns motivos foram decisivos para transformar a cidade na Capital do Vinho:
— As temperaturas baixas facilitaram a implantação de cinco vinícolas, três delas com visitação. Tem isso e mais a gestão de Juliana, resulta que pousadas e restaurantes em Morro do Chapéu só andam lotados.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Eclipse zero
São Gonçalo do Abaeté, em Minas Gerais, se emancipou em 1º de janeiro de 1944. Foi colocado um prefeito tampão até a realização da primeira eleição no ano seguinte, da qual saiu vitorioso o Coronel Zé Azul.
Conta o jornalista Gaudêncio Torquato que a campanha ferveu, em meio a intenso tititi que um eclipse total do sol, daquele em que o dia vira noite de repente. Diziam que crianças iam nascer defeituosas, galinha ia deixar de por ovos, cabritos não mais berrariam e a cachaça ia virar veneno. Um horror.
Foi aí que o Coronel Zé Azul entrou. Num comício, praça cheia, disparou:
— Pode ser que a partir de janeiro, quando tomo posse, eu não consiga fazer tudo o que pretendo para esta terra, mas uma coisa eu garanto, o meu primeiro ato vai ser baixar um decreto proibindo definitivamente eclipse em nossa terra. Abaixo o eclipse!
O eclipse de 1947 passou e por lá nada, só a falação de boca em boca sobre outros lugares. E ele:
— Eu não prometi a vocês? E quando eu prometo, cumpro!
Fonte: Levi Vasconcelos/A Tarde | Foto: Divulgação / Câmara Municipal de Vitória da Conquista