Após o presidente Jair Bolsonaro (PL) repetir ataques às urnas eletrônicas a embaixadores estrangeiros nesta semana, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Edson Fachin, recebeu nesta sexta-feira (22) o advogado da campanha do mandatário, Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, para tentar aplacar os ânimos e diminuir a pressão.
À reportagem o advogado contou que Fachin entregou material detalhado sobre as ações da Justiça Eleitoral a respeito das sugestões dos militares para o pleito deste ano.
Este é o principal ponto de controvérsia entre o TSE e Bolsonaro. O presidente tem indicado que só considerará as eleições limpas se a corte acatar tudo que for proposto pelas Forças Armadas.
“Me pareceu claramente que o objetivo dessa reunião era justamente trabalhar esse ponto [do que tem sido feito a respeito das sugestões às urnas]. Ele falou que tem tido contato com o pessoal das Forças Armadas e tem boa impressão da capacidade técnica deles. São homens corretos, do ponto de vista da fidalguia”, afirmou Tarcísio Vieira.
As Forças Armadas têm repetido o discurso de Bolsonaro. Em ofício recente, solicitaram ao TSE todos os arquivos das eleições de 2014 e 2018, justamente os anos que fazem parte da retórica de fraude do presidente.
Na reunião desta sexta, o ministro ainda apresentou planos para evitar casos de violência durante a votação.
O encontro ocorreu no gabinete de Fachin no TSE e durou mais de uma hora. O representante da campanha do chefe do Executivo também já foi ministro na corte eleitoral.
Esta é a segunda vez em que os dois se encontram desde que Tarcísio Vieira assumiu a defesa de Bolsonaro. A reunião ocorre, contudo, em meio a uma escalada de tensões entre o presidente e a Justiça Eleitoral.
Em outro movimento para aliviar a tensão entre os Poderes, o ministro da AGU (Advocacia-Geral da União), Bruno Bianco, foi recebido por Fachin na quarta (20).
Além de tentar desacreditar o sistema eleitoral, como fez em reunião com embaixadores nesta semana, Bolsonaro tem atacado ministros do STF (Supremo tribunal Federal), dentre eles Fachin.
O mandatário chama o presidente do TSE de petista e diz que ele quer eleger o seu adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No encontro, o presidente da corte também contou ao advogado de Bolsonaro sobre o grupo de trabalho criado pelo TSE para enfrentar a violência política nas eleições.
A ideia do tribunal é discutir regras para melhorar a segurança de quem vai trabalhar no pleito, como mesários, também dialogar com autoridades de segurança pública sobre a proteção de candidatos. Além disso, ampliar a conversa com advogados de campanhas.
Este grupo foi criado na quinta (21), após o TSE receber relatos de agressões a parlamentares e de ataques à imprensa.
Fonte: Folhapres/Nam | Foto: Divulgação