Hoje uma reportagem do jornal Hoje da rede Globo de televisão transmitido pela tv Sudoeste apresentado sempre às 13h, de segunda aos sábados, apareceu uma senhora dando entrevista em situação de extrema pobreza, “eu hoje só tenho esse feijão pra comer e dar aos meus filhos, tem dia que só tem farinha eu ainda assim dou graças a deus” declarou dona Rosangela. A cidade de Vitória da Conquista foi manchete nacional no mapa da fome .
O governo da prefeita Sheila Lemos (UB) tem o slogan “Governo para pessoas” e vale lembrar que apesar da cidade estar com várias famílias nas periferias passando pela insegurança alimentar o governo municipal vai gastar cerca de um milhão e duzentos mil reais com contratações para a festa junina. “Eu fiquei triste ao ver minha cidade sendo divulgada no mapa da fome em rede nacional” declarou o jornalista Tico Oliveira. E completou “eu só não entendo a divulgação de pesquisas dando conta que Vitória da Conquista é a melhor cidade para se viver na Bahia e a segunda cidade para se viver no nordeste do Brasil”, completou Tico. “Tenho certeza que uns vão dançar forró e se esbaldar no quentão, mas muitos conquistenses já estão com a barriga roncando e flagelados de frio. Poderia exigir que as pessoas que fossem prestigiar as atrações contratadas com o dinheiro público para entrar no centro de festejos Glauber Rocha levasse cinco quilos de alimentos a título de doação para participar do evento matando a fome do próximo”, completou Oliveira.
A Inflação e queda na renda estão entre os motivos que fizeram a fome crescer 9% em um ano, atingindo 33 milhões de brasileiros Um dos traços mais nefastos — e extremos — de uma crise é o aumento da fome, e esse é um triste retrato que o Brasil está vivendo. Em 2022, 33 milhões de pessoas passam fome no país, segundo o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, foi feito pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional), divulgado nesta quarta-feira. O número saltou 9% em um ano, colocando 14 milhões de brasileiros em situação de fome, um número maior que a população de países como Bélgica (11 milhões de habitantes) e Portugal (11 milhões de habitantes).
O número de pessoas passando fome no Brasil supera a população de diversos países. Há mais pessoas com fome no Brasil que habitantes na Austrália (25 milhões) ou Portugal (10 milhões).
O dado alarmante escancara as consequências da crise econômica, com a inflação diminuindo a renda da população — no caso de alimentos mais caros, o efeito da inflação é maior entre famílias de baixa renda. Até mesmo em domicílios cobertos por benefícios assistenciais como o Auxílio Brasil, a insegurança alimentar cresceu. Na faixa de renda de menos de meio salário mínimo por pessoa, a fome (insegurança alimentar grave) é uma realidade para 32,7% das famílias que relataram o recebimento dos benefícios.
Segundo o economista Francisco Menezes, analista de Políticas da ActionAid no Brasil, além dos efeitos da inflação e da queda da renda, a mudança nas políticas públicas para população de baixa renda ajuda a explicar o alto grau de segurança alimentar, classificadas por ele como desmonte. “Em 2021, o programa Bolsa Família foi enfraquecido e depois substituído pelo Auxílio Brasil, e o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA), esvaziado em seu orçamento e substituído pelo Alimenta Brasil. Também praticamente extinto foi o premiado Programa de Cisternas, diante dos cortes orçamentários que sofreu, enquanto o Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE) foi deixado à deriva durante a pandemia; e ao Bolsa Verde, que foi extinto. E desde 2019 deixou-se de contar com o controle social exercido pelo Conselho Nacional de Segurança Alimentar (CONSEA), com sua extinção no primeiro dia do atual governo”.
Insegurança alimentar
A pesquisa mostrou que 6 a cada 10 brasileiros convivem com algum grau de insegurança alimentar. São 125,2 milhões de pessoas nesta situação, o que representa um aumento de 7,2% desde 2020 e de 60% na comparação com 2018. A insegurança alimentar ocorre quando uma pessoa não tem acesso regular e permanente a alimentos, ela pode ser leve (quando há incerteza de acesso a alimentos e comprometimento na qualidade da alimentação), moderada (quantidade insuficiente de alimentos) ou grave, que causa a privação no consumo. “Se compararmos com dados de 2018 (última estimativa nacional antes da pandemia de Covid-19), quando a insegurança alimentar atingia 36,7% dos lares brasileiros, o aumento chega a 60%.”, afirma a pesquisa..