Caso aconteceu em Feira de Santana. Ferreira Junior afirma que fazia pesquisa de preços quando foi abordado por policiais acionados por funcionários do estabelecimento.
Um jornalista denunciou o crime de racismo dentro de uma loja da rede Casas Bahia, na cidade de Feira de Santana, a 100 km de Salvador. Valmiro Ferreira Júnior afirma que fazia uma pesquisa de preços de celulares e uma televisão, em março deste ano, quando foi abordado por policiais acionados por funcionários do estabelecimento.
“Fui humilhado, me senti muito mal, estou ainda doente com a vergonha que senti. Muitos clientes olhando para mim e pensando que eu era ladrão”, contou o jornalista.
Toda a abordagem foi registrada pelo jornalista. O advogado dele, Tiago Glicério, relata aguardar o fim das investigações e o encaminhamento do inquérito à Justiça.
Segundo o advogado, Ferreira Júnior foi ouvido na semana passada e todas as provas já foram apresentadas a polícia para análise.
“Verificando a existência do crime de racismo, encaminhará para apreciação do Poder Judiciário.
Em nota, a Casas Bahia disse que repudia veementemente todo e qualquer ato discriminatório em suas dependências, além de reiterar que adota procedimentos claros em seu código de ética e conduta para prevenir qualquer tipo de preconceito e assédio em suas lojas e demais ambientes de trabalho. Disse ainda que apura o ocorrido.
A abordagem
Ferreira Júnior conta que entrou na loja, que fica no centro da cidade, e enquanto fazia pesquisa de preços, precisou usar o celular para fazer alguns contatos de trabalho. Neste momento, um funcionário teria feito uma abordagem considerada grosseira pelo jornalista.
“Um fiscal de segurança veio e perguntou o que eu queria na loja, de uma forma áspera, grosseira até. Perguntou o que eu queria, o que desejava e eu falei: ‘Não, meu amigo, eu quero ver o preço de um televisor e um celular, mas no momento estou aqui falando com uma pessoa a trabalho”, explicou Ferreira Júnior.
Ele relembra que ficou no celular cerca de 15 minutos e, em seguida, foi surpreendido com a chegada na loja de uma equipe da Polícia Militar. Segundo ele, os policiais pediram os documentos e questionaram o que ele fazia no local.
“Tanta gente dentro da loja. Eu, por ser negro, fui abordado, não de uma forma áspera e ostensiva, os policiais foram educados. Porém, chegaram por trás, já com uma arma no peito, falando: ‘Meu amigo, mostre seus documentos. Você está fazendo o que aqui?”, detalha.
“Eu me mantive muito calmo, falei: ‘Vou te mostrar meu RG, minha carteira de jornalista”. Falei também que estava lá para olhar o televisor e celular, porém parei para falar com meu irmão”.
Depois de se identificar e provar que estava no local porque pretendia fazer uma compra, ele foi conversar com o fiscal da loja, que admitiu ter chamado a polícia por achar a atitude do jornalista suspeita.
“Ele falou: ‘Chamei porque imaginei se tratar de um bandido’. Ele admitiu, tanto ele como uma pessoa que acho que é coordenadora da loja”, conta Ferreira Júnior.
O jornalista disse se sentir constrangido e humilhado após a situação e acredita que só foi alvo da denúncia por ser um homem negro. Ele considerou o episódio um ato de racismo e discriminação praticado por alguns funcionários da loja.
“Se fosse uma pessoa branca, dos olhos azuis, será que o fiscal chamaria a polícia?”
Fonte: G1 BA | Foto: Reprodução/TV Subaé