Deputado publicou comentários em tom de deboche sobre torturas sofridas pela jornalista durante ditadura
As bancadas do PSOL e da Rede na Câmara apresentaram nesta segunda um pedido de cassação contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) após as falas do parlamentar, em tom de deboche, sobre as torturas sofridas pela jornalista Míriam Leitão.
O pedido de perda de mandato, dirigido ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), é parte de uma representação por quebra de decoro. Nela, os deputados argumentam que as falas do filho Zero Três de Bolsonaro foram “incompatíveis com o exercício do mandato parlamentar” e solicitam que seja instaurado processo disciplinar no Conselho de Ética.
O grupo defende, ainda, que o deputado cometeu incitação ao crime e apologia de crime ou criminoso ao “relembrar e debochar de um momento de tortura vil e perpetrada pelo regime militar, afrontando diretamente os ditames constitucionais e democráticos”.
No último domingo, Míriam Leitão, do jornal O Globo, compartilhou em seu perfil no Twitter a coluna ‘Única via possível é a democracia’. Na publicação, disse que o erro da terceira via é tratar Lula e Bolsonaro como iguais. Eduardo Bolsonaro compartilhou a publicação e escreveu: “Ainda com pena da cobra”.
Durante a ditadura militar, a jornalista foi presa e torturada. Em um de seus relatos, Míriam, que estava grávida à época, conta que foi colocada em uma sala escura com uma cobra. “É inadmissível que um parlamentar eleito deboche e ironize um ato cruel e desumano de tortura”, diz trecho da petição contra Eduardo Bolsonaro.
Fonte: Veja | Foto: Jane de Araújo/Agência Senado