VIDA OU MORTE COMO NO VELHO OESTE NORTE-AMERICANO!
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VIDA OU MORTE COMO NO VELHO OESTE NORTE-AMERICANO!

– Eu tenho 10 milhões e logo olha para a tela, dizendo que subiu para 12 e 15 milhões com sua última postagem. Basta uma careta ou palavrão de assassinato da gramática. Do outro lado o concorrente grita que já está com mais de 20 milhões. No leilão da caça de seguidores, o mocinho ou a mocinha prontamente rebate que estourou a cifra dos 100 milhões ou mais da metade da população brasileira. Fala-se até em bilhões no exterior.
O entrevistador da mídia banal descartável só aplaude os feitos e faz elogios. Tudo é fantasia, ilusão e fama no mundo das danças, das mexidas, dos rebolados e das piadas sem graça e ofensivas de sentidos duplos, se possível contra os mais excluídos. É a própria cara da decadência da humanidade. É assim que a coisa gira e funciona. Quem não entrar na onda fica para trás. Você que critica não passa de um velho atrasado que perdeu o bonde da vida ou está fora da curva.
Esses seguidores nem lavam os rostos ou escovam os dentes. Mal se alimentam. Os adolescentes e os jovens levantam com o celular na mão imitando as danças e gestos dos tais “influenciadores digitais” e “celebridades” fúteis, inúteis e imorais. São ídolos idolatrados dos tempos modernos chamados civilizatórios da internet infestada de porcarias. A contaminação desse vírus é caso de saúde pública, física e psíquica.
Eles ditam seus padrões para milhões de seguidores, na sua grande maioria sem conteúdo, personalidade própria, com problemas de ansiedade, transtornos psicológicos e sem formação escolar que nunca pegaram num livro para ler. Existem os bons vídeos instrutivos, educacionais e culturais, mas estes são pouco vistos. Quem acompanha um deles de 33 minutos sobre vida e obra do grande jurista baiano Rui Barbosa? Passa longe.
Eles são filhos da geração dessas redes, que desde criança os pais ausentes não souberam controlá-los. Com dois anos, ele ou ela já sabe manipular bem o celular – dizem com orgulho para seus amigos e familiares. – É craque, gênio e sabe de tudo, um prodígio! Muitos não têm limites e terminam sendo dopados pela droga desses canais malditos.
Conheço alguns jovens viciados nessa rota que estão estragados, sem perspectivas e dominados por aqueles que estão do outro lado da câmara gesticulando e falando um monte de besteiras. Perderam o gosto pela escola, que também é deficitária (algumas sem estrutura e caindo aos pedaços), e mal fazem os exercícios do professor.
O filósofo italiano Humberto Eco dizia que depois da internet e do celular a nossa sociedade ficou mais imbecil. Com a baixa escolaridade da nossa gente brasileira, por exemplo, até agora essa tecnologia avançada nos deu mais desvantagens que vantagens.
Por ironia, esse próprio progresso da revolução da informática, da era das informações (a maioria falsas) que é denominada de evolução do ser humano em seu estado mais avançado, está levando a humanidade para uma destruição de morte (guerras e violências), de engolidor de almas, de neuroses, isolamento, de angústia, individualismo e depressão, atingindo em cheio uma grande massa da nossa juventude.
Bem, como o nosso foco são esses canais dos chamados “influenciadores” que viraram “famosos” por passar o dia todo atrás de um aparelho alimentando de lixo plástico seus milhões de seguidores, conheço pais desesperados com seus filhos que não mais lhes ouvem e nem obedecem. Muito pelo contrário, hostilizam como se fossem seus inimigos e carrascos antiquados.
Piamente, esses jovens seguidores só ouvem seus deuses da alienação verbal, corporal e espiritual. Muitos se enveredam até para o extremismo do ódio e da intolerância ideológica, religiosa, nazifascista, do racismo e da homofobia.
Muitos até se tatuam com símbolos dos seus ídolos ou representações daquilo que propagam como padrões da verdade. Outros procuram se vestir como eles; usar seus estilos de cabelos; adotar seus comportamentos; rosnar; grunhir; e falar palavras de seus vocabulários primitivistas.
Esses milhões de jovens seguidores terminam perdendo suas personalidades e identidades, e entram em desagregação com suas famílias. São levas de alienados, sem conteúdo e sem memória. Perdem o gosto pelo ensino, e milhares até viram “nem-nem”, nem estudam e nem trabalham.

Autor: Jeremias Macario.