Autor: G1Ba | Foto: Reprodução/Instagram
“Meu filho era um menino bom, um filho bom. Queria ajudar todo mundo, queria que todo mundo fosse feliz”. Essa é a forma como Patrícia Ferreira Lessa, 44 anos, resumiu o filho, o blogueiro Pablo Luiz Lessa França, conhecido como Pretoozo, assassinado a tiros na quarta-feira (5), aos 20 anos, dentro da casa onde morava, em Salvador.
Em conversa com o G1, Patrícia, que presenciou o assassinato de Pablo, disse que se lembrará do filho com alegria.
“Pablo curtia muito, se divertia muito. Meu filho era tudo de bom. Ele até alfabetizou uma vizinha nossa”, contou a mãe.
Em meio a lágrimas, Patrícia contou que até nas horas em que precisava ser mais dura com o filho, não conseguia manter a seriedade completamente.
“Meu filho brincava comigo toda agora. Toda hora era um apelido comigo, com as tias. Até na hora que eu brigava com ele, eu ria, porque meu filho era só alegria”, disse.
Ela revelou ainda que o sonho do filho, que quando morreu tinha quase 60 mil seguidores no Instagram, era ser famoso.. “Meu filho queria ser famoso, mas não só pelo dinheiro. Ele queria mostrar que na favela tem pessoas de bem, pessoas bonitas”, falou Patrícia.
Muito emocionada, Patrícia relembrou também de uma frase que Pablo disse ela, mas que acabou acontecendo o contrário do que o jovem falou.
“Mãe, eu nunca vou sair na página policial. Vou passar na televisão fazendo sucesso”.
Mãe presenciou morte do filho
Patrícia estava em casa, no bairro de Fazenda Grande do Retiro, quando homens invadiram o local e atiraram em Pablo, na última quarta-feira.
“Eu tinha mandado chamar um vizinho, para cuidar do meu cabelo. Aí chamaram meu nome na porta, eu perguntei quem é e minha filha disse que deveria ser ele [o vizinho]. Eu estava sentada no sofá e falei ‘Entre aí’. Eles entraram e começaram a chamar Pablo”, contou.
“Perguntei o que foi, e eles não falavam, só faziam chamar ele e mandaram eu sentar. Eu perguntei a eles: ‘Pelo amor de Deus, o que meu filho fez?’, mas eles só falaram: ‘Bora, Pablo. Quer morrer na frente de sua mãe?'”.
“Eu tentava argumentar com eles, e eu queria saber o que meu filho tinha feito, para a gente conversar, e eles disseram que meu filho estava passando informações para alguém. Mas ele não estava”, relatou Patrícia.
“Eu me aproximei dele, me ajoelhei e pedi a ele: ‘Meu filho é blogueiro, meu filho não tem nada à ver com vocês, ele não entra em nada moço. O que foi que te disseram? Não faça isso com meu filho”, disse.
Patrícia contou que, quando os bandidos entraram, Pablo estava deitado, no quarto, editando vídeos no celular.
“Eles ficaram olhando com aquela cara de ‘vamos resolver isso logo’, e eu falava e falava, e daqui a pouco só ouvi os tiros. Eu gritei muito. Gritei, gritei, gritei”, relembra Patrícia.
“Eles correram e disseram para não chamar ninguém. Aí um viu meu filho de 10 anos com o celular e perguntou o que ele estava fazendo. Eu peguei o celular e mostrei que ele estava só jogando”, conta a mãe de Pablo.
“Ficamos apavorados, gritando. Ficamos pedindo socorro. Quando entrei no quarto, meu filho estava lá deitado. Eu só conseguia gritar. Chame socorro, chame socorro. Quando o Samu veio, não tinha mais jeito”, relatou Patrícia, bastante emocionada.
“Ele não tinha envolvimento nenhum com nada errado, não tinha envolvimento nenhum com esses caras. Ele ia para tudo que era lugar, porque ele era livre. A gente não tem que deixar de sair, porque eles dizem que tão passando informação. Porque a gente é livre, a gente não deve nada a ninguém”, falou.
“Meu filho não usava droga, não devia no tráfico, só queria ser blogueiro e ajudava a irmã dele. Ela tem 156 mil seguidores através da dedicação dele. Ele já fez participações em clipes de bandas, ele era sonhador”, diz Patrícia.
O G1 entrou em contato com a Polícia Civil neste sábado, que enviou nota informando que a 3ª Delregacia de Homicídios/Bahia de Todos os Santos (3ªDH / BTS) segue com as investigações da morte de Pablo.
“Testemunhas e familiares estão sendo ouvidos. Os policiais da especializada buscam imagens de câmeras naquela região e outros elementos que possam identificar a autoria. A motivação do crime ainda está indefinida”, diz a nota.