Seguranças da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) foram acusados de agredir, com tapas e murros, um estudante da instituição. Segundo o jovem de 20 anos, que chegou a ficar com o olho roxo, os homens teriam ainda feito ataques homofóbicos contra ele.
O aluno do curso de biologia, que preferiu não se identificar, conta que saiu de uma festa por volta das 2h do último sábado (12). Ele pediu para acessar a Uefs a fim de pedir um motorista por aplicativo com segurança. Um dos guardas recusou a solicitação, justificando que o estudante não poderia entrar por causa do horário.
Diante da recusa, o jovem assume que pulou o muro da universidade. O segurança, então, chamou outros colegas, que, juntos, imobilizaram o rapaz. “Até aí, foi suave”, disse o estudante. “Mas daí pegaram o meu nome, número de matrícula, documentos, mochila e me levaram para outros lugar”, continuou.
Neste lugar, os seguranças teriam passado a ameaçar o jovem, com frases como: “você vai ver o que vai acontecer se você não for da Uefs”. A vítima respondeu aos ataques questionando o que aconteceria. A partir deste momento, as agressões físicas e verbais começaram.
“Eles me davam tapas e murros em direção ao rosto e, durante as agressões, me chamavam de ‘viado’ repetidamente. Ainda falaram ‘só porque é fêmea, acha que não vai apanhar’”, relatou. Nesse tempo, a vítima estava imobilizada pelo braço direito, ajoelhada no chão.
De acordo com o estudante, em determinado momento, um dos seguranças chegou a mostrar para ele o revólver que tinha na cintura. “Perguntei se ele ia me matar, aí os colegas seguraram ele, pedindo para ele não fazer nada”, relembrou.
Por fim, os agressores teriam orientado o jovem a não prestar queixa. “Disseram que se eu entregasse eles, eu ia perder a matrícula e não ia acontecer nada com eles, que eles só me bateram porque eu os desafiei’.
O estudante, porém, não se intimidou pelas ameaças e disse aos seguranças que só sairia do local com a presença da polícia. Os guardas se recusaram a devolver o celular da vítima. A disputa durou horas, até que um dos agressores resolveu, ele mesmo, ligar para a polícia.
“Ligaram como se eu fosse o agressor. Por causa disso, fui levado no fundo da viatura e não tive o direito de falar, no momento, o que aconteceu. Eu pedi [à polícia] para levarem os seguranças, pelo menos o que me mostrou o revólver e o que me agrediu – que não estava fardado –, mas não teve como porque eu estava sendo levado como o denunciado”, lamentou.
Na Delegacia Territorial (DT) de Feira de Santana, o jovem relatou a sua versão do caso e fez exame de corpo delito.
Diante da denúncia, a Uefs informou, por meio de nota publicada nas redes sociais, que vai apurar o caso na esfera administrativa. A instituição também orientou a vítima a dirigir-se a uma delegacia de Polícia Civil para registrar um boletim de ocorrência.
“A Uefs me ofereceu suporte hoje. Fiz a denúncia à universidade no mesmo dia [do caso], mas, por causa do feriadão, só ficaram sabendo agora. Mas ela já está em colaboração”, contou o estudante.
Ele diz que estava muito assustado com a situação, mas foi tranquilizado após uma conversa com o reitor da universidade Evandro do Nascimento Silva, ocorrida nesta quarta-feira (16).
“Os seguranças perguntaram onde eu moro, tiraram foto do meu documento, mas depois da conversa com o reitor da Uefs, me sinto mais tranquilo”, disse. “Mas só vou me sentir completamente seguro depois que a justiça for feita”, completou.
Fonte: Metro1 | Foto: Divulgação