Nesta época, é comum nos envolvermos em reflexões sobre o futuro. Muitos recorrem a práticas para saberem o que se desenhará diante de si. Contudo, é possível o destino ser revelado?

Não pretendo emitir juízos morais sobre as atividades premonitórias, apenas compreendê-las. Elas são antigas, como as de Nostradamus, que até hoje geram encanto à suposta antecipação da história. No entanto, a busca por profecias muitas vezes reflete apenas a fascinação humana pelo desconhecido.

Antes de iniciarmos um raciocínio lógico, é crucial compreender que esta análise envolve parâmetros metafísicos. Nesse contexto, muitas pessoas apresentam uma notável sensibilidade para captar o que se passa no pensamento de outras, ultrapassando barreiras, adentrando em nossas esperanças. Em outras palavras, as mentes se conectam.

Este fenômeno não implica previsão do futuro, mas sim num intrincado aspecto inerente ao ser humano, onde cada indivíduo mantém um determinado grau de simbiose interpessoal. Este aspecto pode confundir quem está emitindo a premonição, pois acredita que é uma visão futura, quando na verdade é apenas uma leitura de aspirações e vontades passíveis de ocorrer ou não.

Compreendamos que a antevisão nos colocaria em vantagem diante dos demais, mas também nos impediria de enfrentar os desafios da vida, contrariando o processo evolutivo, numa infração flagrante das leis do universo.

No entanto, é possível outro gênero de “previsibilidade” vinculado à velocidade da consciência. É fundamental destacar que as unidades de medida são construções humanas ligadas à nossa percepção sensorial. Contudo, os processos cognitivos desenrolam-se em um dinamismo ainda não compreendido pela ciência. Isso é evidenciado, por exemplo, na iminência de perigo percebida pela sensibilidade umbilical materna em relação ao filho, ou na sensação de desconforto quando, por um motivo “inexplicável”, deixamos de realizar uma viagem e, em seguida, recebemos notícias trágicas.

Em resumo, os eventos ocorrem em ritmos diferentes, conforme a intensidade com que são gerados, emitidos e recebidos. Na maioria dos casos, a previsibilidade está diretamente associada à proteção da vida. Porém, para missionários grandiosos, a antecipação de acontecimentos é permitida desde que relacionados ao progresso social, em uma conexão direta com os laços Celestiais, sugerindo que o tempo é maleável e moldado por fatores que escapam à nossa percepção. A tentativa de prever o que está por vir torna-se, portanto, uma jornada complexa diante da fluidez das relações, mas é admitida excepcionalmente.

Mauro Falcão