Preço do milho deve se estabilizar no mercado interno, diz Cogo
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Preço do milho deve se estabilizar no mercado interno, diz Cogo

Segundo a consultoria, a entrada da segunda safra pressiona os preços juntamente do fraco resultado das exportações no acumulado do ano

Autor: Canal Rural | Foto: Divulgação

A consultoria Cogo – Inteligência em Agronegócio preparou um relatório especial com a tendência para o milho no mercado interno. Segundo análise, os preços devem ficar estáveis com o avanço da colheita da segunda safra de 2020, aumento das ofertas no disponível, fraco resultado das exportações no acumulado do ano e patamares mais altos do câmbio, o que mantém a paridade de exportação nos portos brasileiros.

Frente ao pico de R$ 57,41 por saca de 60 kg na média de março de 2020 no atacado em São Paulo, os preços do milho acumulam baixa de 18,4% até a parcial de junho.

Entretanto, os preços ainda estão descolados da paridade internacional, o que segue inviabilizando as exportações brasileiras e elevando a disponibilidade no mercado interno.

No acumulado de janeiro a maio de 2020, as exportações brasileiras de milho atingiram apenas 3,036 milhões de toneladas, expressiva queda de 60% em relação ao mesmo período do ano anterior (7,842 milhões de toneladas).

No mercado externo, as cotações futuras na Bolsa de Chicago sofreram forte pressão baixista entre março e abril, diante da queda acentuada do preço do petróleo, que reduziu a competitividade do etanol de milho nos EUA (que absorve em torno de 40% da oferta).

“Também pesa sobre as cotações futuras a projeção de uma safra recorde nos EUA em 2020/2021, com aumento de 8,2% na área de plantio e estimativa de produção de 406,3 milhões de toneladas, 17% acima da anterior, o que deverá elevar os estoques finais do país para 84,4 milhões de toneladas, 58% acima do ano safra anterior”, informa

Em junho, as cotações estão mais sustentadas, com a recuperação gradual do petróleo, que acumula uma recuperação de 88,4% entre abril e a parcial de junho, com o barril tipo Brent subindo de uma média mensal de US$ 21,04 em abril de 2020, para US$ 39,66 em junho. “No entanto, essa cotação ainda não devolve a competitividade do etanol de milho nos EUA”, diz.

Com a perspectiva de uma oferta elevada no segundo semestre, deve haver um ajuste dos preços internos com a paridade de exportação, a fim de permitir o escoamento de excedentes e evitar a elevação dos estoques de passagem ao final da safra 2019/2020.

Na B3, os primeiros vencimentos já refletem a possibilidade de uma segunda safra volumosa e as cotações estão em queda. O vencimento julho de 2020 está cotado a R$ 43,36 por saca de 60 kg, queda de 1,9% nos últimos sete dias, enquanto o contrato setembro de 2020 registra desvalorização de 1,6% no mesmo período, caindo para R$ 42,45 por saca.

Para que as exportações atinjam pelo menos as esperadas 34 milhões de toneladas, os preços internos precisarão cair para um patamar ainda mais baixo, mas o grande volume de vendas antecipadas da segunda safra poderá evitar uma queda expressiva das cotações internas.