Autor: Walber Gonçalves de Souza | Foto: Divulgação
Que a educação é ou deveria ser algo dinâmico isto ninguém discorda. A educação como tudo na vida passa por metamorfoses que se adaptam à própria evolução da existência humana.
O momento atual que vivemos criou um cenário de isolamento em que ficar em casa tornou-se a regra. Assim, foi preciso repensar a educação escolar adaptando-a ao cenário imposto pela pandemia do COVID-19.
Mas como ela poderia ser realizada de forma eficaz? A saída foi buscar a tecnologia e organizar aulas telepresenciais. Os aparelhos eletrônicos: celulares, smart TV, notebooks e computadores de mesa transformaram-se nas salas de aula, essa forma de ensino ganhou o codinome de “ensino remoto”.
No começo, como era novidade foi aquela correria na busca de ver qual seria o melhor programa a ser usado, como ele seria manipulado para atender os propósitos da educação e se haveria condições técnicas para o seu uso de forma que viesse a satisfazer os objetivos propostos.
Até aí, tudo bem! Todavia, o ficar na frente de uma telinha praticamente quase que o dia todo, e automaticamente longe dos amigos, da rotina do ir e estar na escola, vem gerando um sentimento inesperado: o sentimento de valorização do ambiente escolar.
Fala-se tanto na vida virtual, que quando ela precisou de fato acontecer, as pessoas começaram a perceber que o estar junto, o fazer junto, é importante demais. E que nada substitui as relações interpessoais de forma presencial.
Estar na escola, portanto, passou a ser visto com outros olhos, com um olhar mais humano. E até mesmo a figura do “bom e velho professor” passou a ser significativa na percepção dos alunos e das suas respectivas famílias.
Outro ponto que merece uma reflexão, dentro deste contexto, é o acesso aos recursos tecnológicos. Ficou claro que o acesso ainda é muito precário para muitas pessoas. Há alunos que nem têm acesso. O abismo social que se verifica na nossa sociedade é notado literalmente nos recursos que as pessoas possuem.
Nesta direção, a educação remota esbarrará nas condições sociais de milhares de pessoas. Pode parecer estranho, mas em plena era da tecnologia a educação remota é menos universal e democrática do que a antiga e velha forma presencial.
Na escola, dentro de uma sala de aula, na relação ensino/aprendizagem as disparidades sociais ficam menos evidentes do que a demonstrada pelas formas digitais; pois como sabemos quanto melhor a ferramenta tecnológica e suas condições de uso a possibilidade de aproveitamento é proporcionalmente equivalente.
Pode parecer estranho, mas na prática o que achávamos que iria acontecer não aconteceu. O ensino remoto também perpetua a desigualdade social, pois escancara mais um desafio a ser vencido pela sociedade brasileira.
Enquanto isso, vamos aprendendo que ser gente é estar com gente!
Walber Gonçalves de Souza é professor e escritor.