Autor: Jeremias Macário
Um mauricinho rico esnoba num recinto de uma lanhouse que não entendia como ainda nos tempos de hoje tem gente que não sabe o que é e como fazer um QR Cote ou não tem o PIX.
O pobre ao lado escuta o papo e pergunta se ele sabe como se faz a farinha, um cuscuz de milho, uma farofa ou uma rapadura. Ainda se ele imagina o que é ter fome, se os jovens de hoje respeitam os idosos ou as pessoas diferentes.
O moço metido a sabichão dos truques da internet e do mundo virtual, fica calado e meio envergonhado. Nada mais se falou sobre os golpes nessa terra que não é de ninguém, embora os “especialistas” digam que os golpistas são investigados e punidos de acordo com as leis dessa nova mídia devoradora de humanos.
Vivemos num mundo “moderno” desumanizado onde os pais dão mais atenção ao cachorrinho de raça do que aos seus próprios filhos. A mãe chega cansada do trabalho ou do salão de beleza e mal pega sua cria para fazer um carinho. Brada com a babá que ainda não colocou o menino ou a menina para dormir. Ela só quer estirar as pernas no sofá e clicar no celular.
Dia desses um pai matou acidentalmente seu próprio filho na garagem dando a ré em seu carão de luxo. Se não sabia onde estava a criança é porque nem se despediu dela diante de tantas preocupações, problemas e a pressa pela corrida do ouro, aliás do dinheiro. O tratamento entre o cãozinho de estimação e o humano se inverteram. Será que o cão seria acidentalmente esmagado nas rodas do seu possante?
Nos dias atuais, muitas vezes aparece no noticiário que uma mãe ou o pai esqueceu o bebê trancado dentro do seu próprio carro, mas ninguém deixa um celular para trás. Os imbecis dirigem com o aparelho na mão ou o coloca entre as pernas e nunca deixa sua peça idolatrada no banco.
Muitos têm filhos como obrigação matrimonial ou para cumprir uma norma social. Coisas de aparência e vaidade! Logo que mulher e homem se casam, lá vem a sogra ou o sogro para cobrar uns netinhos. Nos acomodamos numa sociedade das aparências e da procura pela felicidade passageira através das compras num shopping.
Atualmente se diz depois eu te ligo, depois eu falo com você, depois lhe mando o pedido, depois faço aquilo. A conversa com o filho é sempre adiada porque o pai ou a mãe acha que tem algo mais importante para resolver. Os contatos, que não sejam por interesse monetário, se dissolvem como sonrisal na água.
Amigos só no copo num barzinho para passar o tempo, numa festa ou curtição de final de semana. Quando o cara está montado numa grana é como um imã para atrair gente e dar uns tapinhas nas costas. É um tal de dizer você é meu amigo-irmão. Foi-se o tempo onde o amigo era certo nas horas incertas.