Putin é um líder enigmático, de inteligência e astúcia incomum. Se aliou as concepções ortodoxas da religião, na sua fé e tradição. No entanto não é um homem piedoso, mas um calculista de considerações práticas, aderindo a chamada “Realpolitik”ou realismo político no qual as relações de poder destroem os fundamentos morais.
Uma maneira de entender o atual líder russo é através da filosofia de Hegel. Este pensador empregou o termo “Espírito do Mundo” para descrever indivíduos como César e Napoleão à encarnação deste espírito, pois seriam guiados por um instinto inconsciente e teriam a tarefa de romper com os velhos modelos sociais, substituindo por outro. Este “Espírito” estaria conectado diretamente com as forças do universo, protegendo nosso Planeta, por isso o termo “do Mundo”. Putin representaria hoje esta figura.
Segundo Hegel, esse fenômeno que conduz estes indivíduos parece agir rigidamente sobre suas mentes, utilizando-os como instrumentos nas mãos de um destino inelutável. A natureza dos efeitos produzidos está relacionada à camada mais profunda da psique, cujas influências vão além da consciência do indivíduo, melhor compreendida pela Psicologia de Carl Jung, nos diálogos socráticos de Platão e posteriormente por Allan Kardec.
Neste contexto, a estabilidade é buscada pelos planos universais, e as definições humanas de “bem” ou “mal” não estão ligadas à utilidade dos desígnios. Um exemplo disso é a poluição gerada pelos combustíveis fósseis, que muitas vezes é ignorada por seguirmos uma corrente ideológica financeira, sem percebermos que a natureza precisa de ajuda. Se é verdade que as guerras cobram seu preço em vidas, quantas mortes foram causadas pelo silêncio em relação à contaminação?
Superar este obstáculo do progresso econômico em detrimento da existência terrena requer um estímulo para mudança e um agente desapegado de princípios. Personalidades como Putin atendem a esse propósito de combater a inalterabilidade da ação. Embora possam não ser imediatamente reconhecidos.
Sem dúvida estamos em constante desenvolvimento e cada indivíduo desempenha um papel nesse percurso. Putin está claramente tentando moldar o mundo à sua imagem e restaurar a Rússia à sua antiga glória. É um homem que certamente deixará seu nome na história. Porém, a verdadeira razão transcende seu desejo e está ligada às raízes cosmológicas da preservação planetária, mostrando que não estamos à deriva e que o Grande Arquiteto está no comando.
Mauro Falcão