Mudança em escala teria provocado surto em guarda que matou secretário, diz comandante da GCM
Justiça Policia

Mudança em escala teria provocado surto em guarda que matou secretário, diz comandante da GCM

Erivan Gomes, comandante da Guarda Civil Municipal de Osasco, acredita que a mudança na escala de trabalho teria provocado um surto emocional no guarda civil Henrique Marival de Souza, que matou a tiros o secretário adjunto de Segurança e Controle Urbano da cidade, Adilson Custódio Moreira, de 53 anos. O crime ocorreu na noite de segunda (6), após reunião dentro da sede da prefeitura.

“Houve um descontentamento da parte dele por sair de uma função burocrática administrativa, que ele estava em uma escala de segunda a sexta, das 8h às 17h, e passaria a executar uma escala de 12 por 36 – trabalhar 12 horas e descansar 36”, disse. Gomes falou com a imprensa na porta do velório do secretário. O corpo de Moreira é velado na sede da Prefeitura de Osasco.

Segundo o comandante, não havia histórico de desentendimentos entre o secretário e o guarda. “Ele nunca foi submetido a investigação, o que desencadeou foi na hora, no local. A gente não sabe o que tem de ordem familiar, financeira.”

“Nós temos nossas questões pessoais. Penso que talvez ele tenha colocado na balança e desencadeou, ele teve esse start da ordem emocional e acabou cometendo essa tragédia.”

Ele ainda alega que os relatos de que o guarda já teria apontado a arma para outro inspetor em uma reunião nunca foram investigados. “Isso é conversa de corredores, isso nunca foi de certa forma documentado.” O comandante afirma que Henrique Marival de Souza trabalhava internamente e não fazia parte da equipe de segurança do prefeito, mas participou da campanha política.

“Ele não fazia a segurança nem da primeira-dama nem do prefeito. Nós não temos nenhum impeditivo legal de manifestar politicamente falando. Ele trabalhava de segunda a sexta e final de semana a gente acompanhava a campanha, a gente estava nas caminhadas, nas carreatas, isso é normal. Penso que, talvez, por estar de forma direta, ele acreditava que teria alguma questão no futuro governo. Mas em momento nenhum essa questão foi tratada ou prometida.”

Discussão após reunião
De acordo com o comandante, a reunião aconteceu entre o secretário e mais 12 a 14 guardas civis que seriam realocados de função. “Moreira não estava armado, até porque era o grupo (com o qual) ele já trabalhava e a conversa foi totalmente tranquila”, disse Gomes.

Conforme a conversa avançou, os guardas foram saindo da sala, cientes de suas novas funções, e ficou apenas Sousa, que reclamou da mudança.

Segundo o comandante, Sousa disse que estava sozinho na sala com o secretário quando a conversa começou a ficar mais tensa. Os dois estavam sentados, um em frente ao outro. Ao perceber que não haveria um acordo, o secretário teria levantado da cadeira em que estava. Neste momento, Sousa agarrou a arma e efetuou os disparos. “Foram alguns tiros”, disse o comandante, sem confirmar a quantidade.

Gomes diz ainda que escutou os disparos e foi em direção à sala do secretário. Ele foi o primeiro a chegar ao local e iniciou as negociações com o guarda até a chegada do Gata. Durante as conversas, ele revela que pedia informações sobre o secretário adjunto. “Em um dado momento eu falei: preciso saber como está o Moreira. Ele falou: aqui dentro só tem eu, ele e o demônio”.

Funcionário público há mais de 25 anos e ex-guarda-civil municipal, Adilson Custódio Moreira estava na gestão havia oito anos. Ele foi Secretário de Segurança e Controle Urbano de Osasco entre 2018 e 2019, na administração do ex-prefeito Rogério Lins (Podemos). Seguiu na pasta como secretário adjunto e foi mantido no cargo pela atual administração, de Gerson Pessoa (Podemos).

Fonte: Correio24hrs | Foto: Secom/Osasco