Lista com nomes vetados viralizou após o questionamento de vários torcedores, e foi visto pelos usuários como racismo religioso
ideranças das religiões de matriz africana cogitam provocar o Ministério Público e o Judiciário para que haja alguma sanção no erro da Nike ao excluir a possibilidade de customização das camisas da seleção brasileira com nomes de orixás, enquanto permitia “Jesus” e “Cristo”.
O assunto sobre a lista de nomes vetados viralizou nas redes sociais no início desta semana após o questionamento de vários torcedores, e foi vista pelos usuários como racismo religioso. “Intolerância religiosa não, Nike. Me dê logo a camisa n° 7 com nome Èsù”, escreveu um soteropolitano em seu perfil do Twitter.
O babalorixá Sidnei Nogueira, professor e doutor em Semiótica, afirma que a questão é o impacto que o veto de nomes como “Exu” e “Xangô”, em uma camisa de marca conhecida internacionalmente, provoca na sociedade. Segundo o professor, as lideranças religiosas e do Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro) têm conversado sobre a judicialização do assunto.
Após a repercussão negativa, a Nike afirmou que aconteceu uma “falha no sistema”. A empresa informou que não permite “customizações com palavras que possam conter qualquer cunho religioso, político, racista ou mesmo palavrões” e disse que houve um erro na plataforma de seu site ao permitir algumas palavras de cunho religioso e outras não.
A Nike também veta nomes de políticos como Lula, Bolsonaro e Ciro. Além de restringir os nomes “Moro”, “Damares” “Doria”, “ACM”, “Haddad”, “Dirceu”, “Calheiros”, “Garotinho”, “Dilma”, “FHC”, “Collor”, “Sarney”, “JK”; e termos como “comunista”, “petista”, “tucano”, “mito” e “bolsomito”.
O professor Sidinei, autor do livro Intolerância Religiosa, não concorda com a desculpa. “Se for termo de algoritmo, quem que programa? É uma pessoa humana. E quem faz isso? Geralmente uma pessoa branca, uma pessoa racista. Uma pessoa que entende que as religiões de matriz africana no brasil são satânicas”, diz.
O babalorixá afirma ainda que a Nike poderia aceitar a diversidade e promover uma “cultura de aceitação, de confluências e de paz”, mas optou pelo caminho oposto. “O que nós sentimos é que nós não temos um dia de descanso. Nós sabemos que não foi equívoco, não foi mal entendido. Há pouco tempo fizemos uma manifestação virtual para corrigir a tradução do Google que traduzia o orixá ‘Exu’ como ‘demônio’”, desabafa.
Fonte: Metro1 | Foto: Metropress