O presidente da Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, deputado federal Nereu Crispim (PSD-RS), criticou neste sábado (14) o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o responsabilizou pelos aumentos recentes dos combustíveis. Conforme Crispim, os reajustes de preços pela Petrobras se tornaram “insustentáveis”, e a categoria pode promover paralisações nas próximas semanas.
Em entrevista ao UOL, Crispim afirmou que os caminhoneiros estão com dificuldades para repassar, no preço do frete, os aumentos promovidos pela Petrobras.
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Esses reajustes realmente se tornaram insustentáveis. Os caminhoneiros e os pequenos transportadores não têm mais como repassar os aumentos para o frete. Muitos caminhoneiros vão parar. Existe a possibilidade de paralisação na próxima semana. No Espírito Santo, já há um movimento para isso
Nereu Crispim, deputado federal
Este ano, a companhia já elevou os preços do óleo diesel em três oportunidades: 8,08% em janeiro, 24,9% em março e 8,87% em maio. A alta acumulada é de 46,97%. O último aumento foi anunciado na segunda-feira (9), já após a Petrobras ter divulgado lucro de R$ 44,5 bilhões no primeiro trimestre do ano.
Responsabilidade é de Bolsonaro, diz deputado
Com interlocução entre os caminhoneiros, Crispim afirmou ainda que Bolsonaro é o “único responsável” pela atual situação de preços.
“Nenhum ministro toma atitude sem prestar contas a ele. Bolsonaro sempre arruma um ‘boi de piranha’ para, cada vez que tem um aumento, demitir alguém, como se ele não fosse o único responsável”, disse.
Na semana passada, Bolsonaro demitiu o então ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, e nomeou para o cargo Adolfo Sachsida, ex-chefe da assessoria especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Economia.
Sem clima para privatização
Crispim qualificou a iniciativa como “um show”.
“Para privatizar a Petrobras, há uma série de condicionantes, inclusive a apresentação de um plano, que passa pelo Congresso. Estamos às vésperas de uma eleição e não há clima para isso”, acrescentou.
Analistas de fora do governo afirmam que, em função do ano eleitoral e da complexidade do processo de privatização, é pouco provável que a Petrobras seja realmente privatizada ainda neste governo.
De acordo com o Crispim, a solução de curto prazo para o óleo diesel seria o governo, que é o principal acionista da Petrobras, forçar a companhia abandonar a política de PPI (Preço de Paridade de Importação).
Adotada em 2016 pela estatal, a política faz com que a Petrobras calcule os preços dos combustíveis com base no mercado internacional, repassando as variações aos consumidores.
Fonte: Uol | Foto: iStock