“Hoje, eu sou livre”. A declaração ouvida não é de uma mulher que viveu no século passado e sim de uma moradora de Vitória da Conquista, de 34 anos. Vítima de violência doméstica, Tânia Góes de Jesus procurou o Centro de Referência da Mulher Albertina Vasconcelos (Crav) há um ano e “me encontrei“, como declarou durante uma sessão de fotos para a exposição Mulheres que Superam, a ser exibida no megaevento em comemoração ao Dia da Mulher, na sexta-feira (8), no Centro Cultural Glauber Rocha.

“Agora eu sou uma nova mulher, sou empreendedora. Mesmo achando que não ia conseguir, hoje eu tô aqui de cabeça erguida. Não deixar mais a pessoa te humilhar, te bater, achando que porque ele é o dono da casa, você tem que viver ali presa a ele. Hoje, eu sou livre. Simplesmente isso”, disse a referenciada do serviço da Prefeitura de Vitória da Conquista, que oferece suporte psicológico, orientações jurídicas e encaminhamentos para serviços de assistência social às mulheres vítimas de violência.

De janeiro de 2021 a fevereiro deste ano, 4.428 mulheres vitimas de violência doméstica ou de gênero foram atendidas na unidade. Deste total, 712 referenciadas não tinham recebido suporte do Crav antes desse período, já que o Albertina Vasconcelos funciona desde 2006, no município. Atualmente, 183 mulheres são acompanhadas pelo serviço.

Patrícia Batista da Silva, 35, é uma das mulheres acompanhadas pelo Crav e também falou da transformação desfrutada por ela. “Depois que eu vim pra o Crav, minha vida destravou. Várias coisas da minha vida começaram a fluir, principalmente na parte do empreendedorismo, que era meu sonho, e hoje eu estou me sentindo próspera”, comentou. Patrícia ainda fez um despertamento: “Todas as mulheres deveriam estar praticando o amor-próprio, a autoconfiança. Antes eu não tinha nada disso e hoje eu estou assim em constante evolução”.

Com suporte abrangente, que envolve não apenas o aspecto emocional, mas também o acesso a direitos e recursos necessários para que essas mulheres reconstruam suas vidas, o Crav potencializou suas atividades com a implantação da Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, em outubro do ano passado.

“Continuaremos garantindo direitos a todas as mulheres em situação de violência”, afirma a gerente do Centro de Referência da Mulher Albertina Vasconcelos, Monique Cajaíba. Ela ainda reforça que para as vítimas de violência serem atendidas não é necessário o registro de ocorrência. “O requisito é ter vivenciado alguma situação de violência doméstica ou de gênero”, conclui.

“Todos os direitos para todas as mulheres”

Com o tema “Todos os direitos para todas as mulheres”, a Prefeitura realiza o grande evento em homenagem ao Dia da Mulher, a partir das 8h30, e o Crav estará presente com a exposição de fotos de mulheres que são atendidas pelo serviço e que estão em processo de superação ou já superaram a questão da violência.

Além da exposição “Mulheres que Superam”, o Crav ofertará atendimentos psicológico e social e orientações jurídicas. A SMPM ainda oferecerá balcão informativo, acolhimento, inscrição para o 1º Encontro da Rede de Proteção à Mulher, aferição de pressão e glicemia, avaliação de IMC e serviços de beleza (escova/massagem corporal/limpeza de pele/corte) e, por fim, orientações sobre MEI e exposição de produtos e serviços para as mulheres.

O evento no Glauber será gratuito e aberto a todas as mulheres das áreas urbana e rural. Os serviços estarão disponíveis das 8h30 às 17h. À noite, haverá programação musical, com shows de Robertinha, às 19h, e de Cátia Guimma, às 20h30.

Foto: Ascom/PMVC