Basta um descuido (ou nem isso) e seu rostinho pode estar espalhado nas redes anunciando investimento em criptomoedas mesmo sem você saber do que se trata ou indicando aparelhos para monitorar glicemia, mesmo sem ter diabetes. Basta existir na internet para correr o risco de se tornar a estrela de golpes virtuais por meio da Inteligência Artificial. Se você for famoso ou tiver influência em alguma área, suas chances dobram nessa loteria às avessas.
O oncologista Drauzio Varela, o apresentador Ratinho, o ex-jogador e agora senador Romário e até o ator Ary Fontoura já podem dizer que têm algo em comum. Vídeos deles contando supostas experiências e indicando o Glicomax, um milagroso aparelho que monitora a glicose sem precisar furar o dedo, têm rodado nas redes. Por trás dos vídeos com a imagem e a voz deles, está um golpe: um aparelho que não é registrado na Anvisa, que acumula relatos de sequer ser entregue aos compradores e anúncios que fazem uso de ferramentas de Inteligência Artificial para se aproveitar da credibilidade alheia.
“Ouvi da boca dele”
Esse não é o único golpe. Por meio de softwares, dos mais avançados aos mais acessíveis, grupos criminosos conseguem roubar a identidade digital de indivíduos. Usam vídeos verdadeiros ou rostos falsos (as chamadas deepfakes) e, por imitação de voz, manipulam o texto falado. Não dá mais para usar a máxima do “saiu da boca de fulano”. No final de setembro, por exemplo, a jornalista Sandra Annerberg precisou usar suas redes sociais para alertar que não era ela que aparecia em vídeos recomendando cliques que prometiam indenização de até R$ 7 mil. “Estão usando a minha credibilidade, construída ao longo de mais de três décadas de telejornalismo, para aplicar golpes”, lamentou.
Anônimos também não escapam. O advogado Gustavo Dourado teve sua página no Instagram hackeada em março e vídeos usados para propagandas fraudulentas. Seus seguidores se depararam com vídeos dele anunciando supostos investimentos financeiros. Tudo golpe. Ele nunca gravou aquilo. Gustavo precisou entrar na Justiça com um pedido de danos morais e recuperação da conta. “A primeira sensação foi de medo e impotência”, disse ao Jornal Metropole, relatando que alguns familiares quase caíram no golpe.
Fonte: M1 | Foto: Reprodução/Youtube